José Manuel Blanco.
Rio de Janeiro, 25 nov (EFE).- As melhores cachaças do Brasil foram exibidas no Rio de Janeiro, onde a 8ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária dedicou um espaço às produções mais tradicionais e sustentáveis do país.
A bebida, produzida a partir da destilação da cana de açúcar, pode ser encontrada em produções de todo o país, inclusive do estado de Minas Gerais, que a declarou patrimônio cultural da região.
Segundo dados do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), o setor gera mais de 600 mil empregos diretos e indiretos no país, com mais de 40 mil produtores, a maioria deles de pequenas empresas, que têm uma capacidade de produção de 1,2 bilhão de litros por ano.
No ano passado foram exportados 9,8 milhões de litros, que geraram um faturamento de US$ 17,28 milhões, segundo o Ibrac.
Produtores de vários estados brasileiros vieram ao Rio de Janeiro para defender na feira esta tradicional bebida e os processos artesanais com os quais a elaboram.
Um deles, Ivandro Remus, sócio da Velho Alambique, do Rio Grande do Sul, explicou à Efe como essa empresa, criada em 2001, faz a fermentação da cana de açúcar, passo prévio da destilação, utilizando um fermento biológico que permite guardar os aromas e o sabor.
Após a passagem pelo alambique, o álcool destilado é conservado de 12 a 18 meses em tonéis de madeira de carvalho.
Segundo Remus, a cachaça artesanal se destaca por não causar ressaca, já que o processo seguido na destilação permite eliminar os alcoóis mais prejudiciais.
Além disso, ele denunciou que no Rio Grande do Sul existem 48 empresas registradas, mas ao mesmo tempo há mais de 3.000 produtores ilegais.
Um produtor de Campos dos Goytacazes (RJ) - que produz a marca Barra Velha, envelhecida em barris de carvalho - também se queixou dos fabricantes não registrados
Segundo o produtor, a Barra Velha é feita com cana de açúcar colhida manualmente e não mediante a prática de incendiar os canaviais para eliminar as folhas e depois colher mais fácil o talo, como ocorre em outras plantações, o que produz uma enorme poluição ambiental.
Este produtor destacou que no Brasil "uma cachaça não é igual à outra", devido às diferenças de solo e clima das diferentes regiões.
Quanto às exportações, os produtores perguntados pela Efe explicaram que quase não as contemplam e que se concentram no imenso mercado interno, embora não descartem que no futuro possam vendê-la em outros países.
Um deles, Gilmar P. de Freitas, produtor em Minas Gerais, afirmou que já exportou para Itália e Alemanha, mas que devido ao valor do real, que se mantém valorizado frente ao euro, as exportações perdem competitividade.
Como parte da caipirinha ou como complemento de carnes e pescados, a cachaça e suas múltiplas variedades são descobertas como algo mais que uma simples aguardente, sobretudo se é elaborada de maneira artesanal. EFE