César Muñoz Acebes.
Washington, 17 jul (EFE).- A economia dos Estados Unidos esteve
"à beira do abismo" no começo do ano, mas conquistou "progressos
substanciais" que deixaram o pior para trás, segundo disse hoje o
principal assessor econômico da Casa Branca, Lawrence Summers.
Summers, diretor do Conselho Econômico Nacional, não poupou
palavras para descrever o mal causado à economia no Governo de
Barack Obama em janeiro, mas que agora as coisas estão melhorando e
a previsão é de que o país volte a crescer este ano.
O economista, que fez um balanço dos primeiros seis meses do
mandato de Obama em um discurso no Instituto Peterson de Economia
Internacional, apontou como prova de otimismo a melhora nas
expectativas de empresários e a queda das gratificações de risco.
Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego segue sua escalada: já se
encontra em 9,5% e o Federal Reserve (Fed, banco central americano)
prevê que supere os 10% ainda este ano.
Os republicanos afirmaram que o programa de estímulo econômico do
Governo não funcionou, mas Summers respondeu hoje que o impacto
total das medidas será sentido somente no final de 2010.
Mesmo assim, reconheceu que a taxa é "muito maior que a
prevista", o que atribuiu principalmente à onda de demissões no
setor financeiro.
Outra área preocupante é o setor imobiliário, já que US$ 1,5
milhão de proprietários de imóveis recebeu avisos de despejo de
inquilinos, por falta de pagamento nos primeiros seis meses do ano.
Em seu discurso, Summers disse que, graças às medidas do Governo,
os bancos iniciaram a modificação dos termos de 160 mil hipotecas
para que sejam mais acessíveis para pessoas que estão com a água no
pescoço.
Mas para Desmond Lachman, analista do Instituto Americano de
Empresas, um centro independente, muito mais tem que ser feito.
Lachman saiu cético do Instituto Peterson, após o discurso de
Summers, porque, segundo sua opinião, o assessor de Obama não
explicou de forma convincente como o Governo controlará as despesas
de saúde e reduzirá o déficit quando a economia subir.
Summers afirmou hoje que "a economia estava em queda livre no
começo do ano, sem um limite aparente até onde as coisas podiam
chegar".
"O medo era generalizado e a confiança pouca", afirmou Summers,
que disse que "agora nos distanciamos bastante do abismo".
"A confiança e a esperança estão voltando. A economia americana
volta a progredir", ressaltou.
No entanto, o economista, que foi secretário do Tesouro durante o
Governo de Bill Clinton, alertou contra "uma declaração prematura de
vitória e a retirada das medidas de estímulo econômico".
Essas medidas fizeram a dívida do país saltar, o que causou
inquietação entre seus credores, especialmente a China, mas Summers
destacou que "o maior risco para os déficit futuros dos EUA seria
uma contração econômica descontrolada".
Por isso, o ajuste do cinto terá que esperar que a economia
ressuscite, de acordo com o julgamento do Governo.
Summers ressaltou que a economia americana que emergir da crise
deve depender menos do consumo e do setor financeiro e mais da
exportação e das energias renováveis, embora não tenha precisado
como essa mudança de estrutura será alcançada.
O funcionário reiterou o compromisso do Governo a favor do
livre-comércio e disse que gostaria muito que os temas pendentes nos
tratados comerciais com a Colômbia e Panamá fossem resolvidos com a
aprovação no Congresso.
Summers denunciou também que alguns países "deram passos para
trás, a favor do nacionalismo econômico" e disse que seu Governo
recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), caso haja
violações nas normas que prejudiquem os EUA. EFE