Nova York, 12 out (EFE).- O ministro da Fazenda, Guido Mantega,
expressou hoje sua preocupação com a "guerra de divisas" e pediu que
sejam estabelecidos acordos na próxima reunião do Grupo dos Vinte
(G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) porque o
"Brasil não pode respeitar o livre comércio, enquanto o resto do
mundo faz intervenções".
"Não deveríamos permitir uma guerra de divisas, o melhor que
podemos fazer é chegar a acordos para não prejudicar o livre
comércio. O melhor sistema é o do livre fluxo, mas não podemos agir
dessa maneira se o resto interferir no comércio", afirmou Mantega.
O ministro deu estas declarações durante uma conferência na
"Americas Society" de Nova York, na qual falou sobre a economia
brasileira e os principais desafios que o país enfrenta para manter
e melhorar sua posição econômica.
"Temos muito cuidado para não violar os princípios do livre
comércio que defendemos, mas também temos um cuidado especial com a
forte valorização do real", disse Mantega, quem acrescentou que o
Brasil "não vai permitir uma supervalorização" da moeda.
Segundo ele, o real valorizou 56,3% em relação ao dólar entre
2009 e 2010.
Entre as medidas tomadas pelo Governo brasileiro que influem na
contenção da valorização do real, Mantega destacou a recente
capitalização da Petrobras e afirmou que, por enquanto, não serão
tomadas mais medidas nesta direção.
O ministro sugeriu que os países desenvolvidos, entre eles as
economias mais sólidas da Europa como a Alemanha, devem tomar não só
medidas monetárias, mas adotar também incentivos fiscais para
recuperar a demanda interna.
Sobre as medidas monetárias do Federal Reserve (Fed, o banco
central americano), Mantega se mostrou contrário a uma futura
expansão quantitativa (compra de dívida pública por parte do
Governo) porque não "conseguirá melhorar a economia e desvalorizará
ainda mais o dólar".
Ele pediu que na próxima reunião do G20 - que acontecerá em Seul
o mês que vem -, sejam estabelecidos acordos de estímulo fiscal para
atenuar estes problemas.
O ministro ressaltou o desenvolvimento econômico que o Brasil
viveu nos últimos anos, principalmente com a expansão da classe
média, o que, segundo ele, provocou um forte aumento da demanda
interna.
Mantega destacou também a criação de emprego no Brasil, que já se
situa em um milhão de postos de trabalho ao ano, o que ajudou a essa
expansão da classe média.
O ministro concluiu que esse é o segredo do "milagre brasileiro",
pois o aumento da classe média representa também "a integração de
100 milhões de consumidores ao mercado". EFE