José Manuel Sanz.
Bruxelas, 7 jun (EFE).- A centro-direita reforçou seu poder no
Parlamento Europeu após as eleições de hoje nos 27 estados da União
Europeia (UE), nas quais se registrou um novo mínimo histórico de
participação.
A grave recessão econômica que aflige a Europa não animou os
cidadãos a se mobilizar nem beneficiou os partidos socialistas ou
social-democratas, que durante a campanha atribuíram à crise a
desregulação dos mercados e o liberalismo exacerbado.
Em um reconhecimento claro da derrota, o chefe das fileiras do
grupo parlamentar socialista, o alemão Martin Schulz, admitiu que a
noite de hoje tinha sido "triste para a social-democracia europeia".
Apesar ao aumento galopante do desemprego, que constitui segundo
as pesquisas a principal preocupação dos cidadãos, os eleitores
renovaram seu apoio a partidos conservadores e liberais que ocupam o
Governo.
No novo Parlamento da UE, o grupo do Partido Popular Europeu
(PPE) terá 267 cadeiras (36,3%), de um total de 736; 159 irão para
os socialistas (21,6%); e 81 para os liberais (11%).
Os Verdes ampliam em termos absolutos sua representação na Câmara
de Estrasburgo, com 54 cadeiras (passam de 5% para 7,3%), graças a
seu surpreendente avanço na França, onde ficaram na terceira
posição.
A Esquerda Unitária Europeia ficou com 34 cadeiras (4,6%) e o
Grupo Independência e Democracia, 18 (2,4%).
Quase dois terços do futuro plenário corresponderão a legendas de
direita: conservadores, democratas-cristãos, liberais, soberanistas,
céticos antieuropeus, e direita xenófoba.
Schulz atribuiu em parte os maus resultados dos socialistas às
crises políticas nacionais, como as do Reino Unido e Hungria, que
nada têm a ver com a Europa.
No entanto, para o comissário europeu de Assuntos Econômicos e
Monetários, o socialista espanhol Joaquín Almunia, "a esquerda não
foi capaz de apresentar um projeto claro para uma saída progressista
para a crise econômica".
"O que falta à esquerda em escala europeia é um projeto mais
claro e mais definido, que combine a eficácia econômica com os
valores social-democratas em um momento no qual se começam a ver as
luzes que mostram a saída da crise", disse Almunia aos jornalistas
na sede do Parlamento Europeu.
O triunfo conservador foi inapelável em todos os grandes países
da UE: Alemanha, França, Itália, Espanha e Polônia, e se espera
também sua vitória no Reino Unido.
Por sua vez, socialistas ou social-democratas ganham apenas na
Suécia, Dinamarca, Grécia, Eslováquia e Malta.
A consolidação do grupo PPE, apesar da anunciada saída dos
conservadores britânicos e tchecos de suas fileiras, abre a via para
a reeleição de seu candidato, o ex-primeiro-ministro português José
Manuel Durão Barroso, à frente da Comissão Europeia (órgão executivo
da União Europeia).
Após a renovação do Parlamento, dentro de alguns dias começa a
eleição de uma nova comissão executiva, a instituição que de
Bruxelas impulsiona as políticas da UE.
Barroso foi um dos primeiros dirigentes europeus a reagir esta
noite aos resultados das eleições.
Em mensagem no qual felicita "todos os partidos e candidatos que
apoiam o projeto europeu", o político português recomendou não se
cair na complacência e trabalhar para demonstrar a utilidade da
Europa para os cidadãos.
Pois os europeus voltaram a dar as costas majoritariamente a uma
instituição, o Parlamento Europeu, que continuam vendo afastada de
suas preocupações diárias.
Com 43,39%, a participação voltou a cair, embora não de forma tão
drástica como prevista por algumas pesquisas. Nas eleições
anteriores de 2004 se registrou uma participação de 45,57%.
O presidente em fim de mandato do Parlamento Europeu, o
democrata-cristão alemão Hans-Gert Pöttering, pediu uma reflexão aos
partidos políticos e aos meios de comunicação, para conseguir nas
próximas eleições de 2014 uma maior afluência de eleitores. EFE