Roma, 25 nov (EFE).- A Procuradoria de Roma investiga a
verdadeira titularidade de uma ou mais contas correntes abertas no
banco italiano Unicredit em nome do Banco do Vaticano (IOR).
A suspeita é de que essas contas correntes tenham servido para
encobrir pessoas ou sociedades "que criaram um canal para o fluxo de
recursos entre o banco vaticano e a Itália".
Passaram por essa conta ou contas, segundo a imprensa italiana,
60 milhões de euros anuais nos últimos três anos.
As investigações são comandadas pelo procurador Stefano Rocco
Fava e pelo procurador-adjunto Nello Rossi e transcorrem em meio a
uma grande discrição. Até agora, não há nenhum investigado.
Os procuradores tentam revelar a autêntica titularidade de uma ou
mais contas abertas em nome do IOR em uma filial do Unicredit em uma
rua de Roma próxima ao Vaticano.
Os investigadores suspeitam de violações na normativa da União
Europeia (UE) obre a transparência na titularidade das contas.
O Instituto para as Obras Religiosas (IOR), com sede na Cidade do
Vaticano, foi fundado por Pio XII em 1942 e tem personalidade
jurídica própria. Seu presidente é o economista italiano Ettore
Gotti Tedeschi, de 64 anos.
No início dos anos 80, o banco vaticano se viu ligado ao
escândalo da quebra do Banco Ambrosiano, de Roberto Calvi,
encontrado enforcado embaixo de uma ponte de Londres em 1982.
O velho Ambrosiano, do qual o IOR tinha 16% do capital, quebrou
em 1982 devido a um rombo de quase US$ 600 milhões em valores da
época derivado do desvio de fundos para usos privados e para uma
loja maçônica.
A quebra da entidade levou mais de 30 empresas à falência.
Calvi era muito bem relacionado com a Santa Sé e, embora o
Vaticano sempre tenha rejeitado qualquer responsabilidade na quebra,
admitiu seu "envolvimento moral" e decidiu pagar US$ 241 milhões aos
credores da entidade. EFE