Caracas, 25 jan (EFE).- O presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
anunciou hoje durante uma reunião extraordinária da Aliança
Bolivariana para as Américas (Alba) o perdão da dívida do Haiti pela
compra de combustível venezuelano.
Também ficou decidido no encontro que os países da Alba terão um
vasto plano para "voltar a fundar" o Haiti, atingido por um forte
terremoto no último dia 12.
"O Haiti não tem dívida com a Venezuela; a Venezuela tem uma
dívida histórica com essa nação, com esse povo pelo qual não
sentimos tristeza, mas admiração", disse Chávez ao final da reunião,
sem revelar o valor da dívida perdoada.
O presidente venezuelano também anunciou que a Alba decidiu um
plano integral que inclui uma doação imediata de US$ 20 milhões para
o setor de saúde do Haiti e um fundo de pelo menos US$ 100 milhões
fornecidos pelos membros da organização.
A Venezuela é a nação mais força financeiramente da Alba, formada
também por Cuba, Bolívia, Equador, Antígua e Barbuda, Nicarágua,
Dominica e São Vicente e Granadinas. Representantes do Haiti e de
outros países caribenhos comparecem às reuniões na qualidade de
observadores.
Em um discurso transmitido ao vivo pela rede estatal de emissoras
de rádio e televisão, Chávez corrigiu o texto sobre o plano da Alba
para o Haiti definido pelos chanceleres, trocando a palavra "venda"
por "fornecimento", ao esclarecer que o combustível enviado pela
estatal venezuelana Citgo chegará diretamente à população haitiana.
De acordo com o presidente venezuelano, o combustível chegará por
meio de "estações móveis de serviço" que operarão nas próximas
semanas.
O plano de ajuda da Alba ao Haiti inclui os setores agrícola, de
produção, importação e distribuição de alimentos, além de uma
anistia migratória a haitianos residentes ilegalmente nas nações da
organização que possuem acordos de integração, acrescentou.
Assim como já havia feito quando da chegada ao Haiti de soldados
dos Estados Unidos após o terremoto, Chávez reivindicou respeito à
soberania haitiana e pediu para que a ONU coordene todas as
operações.
Chávez também condenou a saída do Haiti de menores entregues em
adoção a famílias dos EUA e da Europa e alertou que entidades de
defesa dos direitos da infância defendem que "a última coisa que é
preciso fazer é tirar crianças" do país sem antes esgotar a busca
por seus familiares.
No último dia 12, um terremoto de 7 graus na escala Richter
atingiu o Haiti. Seu epicentro foi localizado a apenas 15
quilômetros da capital do país, Porto Príncipe.
Pelo menos 21 brasileiros morreram na tragédia, sendo 18
militares e três civis, entre eles a médica Zilda Arns, fundadora e
coordenadora da Pastoral da Criança, e Luiz Carlos da Costa, o
segundo civil mais importante na hierarquia da ONU no Haiti. EFE