Rio de Janeiro, 10 nov (EFE).- A alta comissária da ONU para os
Direitos Humanos, a sul-africana Navi Pillay, visitou hoje a favela
Santa Marta, no morro Dona Marta, na zona sul do Rio de Janeiro, e
se mostrou preocupada com a violência no Brasil, onde, segundo ela,
o número de assassinatos é "inaceitável".
Em declarações à imprensa após conhecer a favela, Pillay apontou
que esta situação é uma das principais preocupações de sua área de
atuação e o motivo de uma viagem pelo Brasil que, além do Rio, já
passou por Salvador e continuará em Brasília.
Durante sua visita, a alta comissária pôde ver de perto o
trabalho da chamada Unidade de Polícia Pacificadora no Santa Marta,
de onde os traficantes de drogas foram expulsos pela Polícia em
março deste ano.
Segundo Pillay, existe no Santa Marta "uma comunidade que está
muito empenhada em tentar melhorar a situação dos direitos humanos e
percebo como receberam ajuda das instituições".
Pillay se mostrou muito interessada nos diferentes programas
sociais desenvolvidos no local e pediu para que as autoridades
escutem as comunidades para conhecer "o que pensam e sentem em
relação às medidas tomadas".
Além disso, elogiou a Polícia por seu "grande esforço para
conquistar a confiança das comunidades", mas lembrou que as ações
tiveram sucesso no Santa Marta porque a favela "não tem os
inaceitáveis níveis de assassinatos extrajudiciais que há em outras
favelas" cariocas.
Segundo dados oficiais, a violência no estado do Rio de Janeiro
deixou 5.200 mortos entre janeiro e agosto deste ano.
A alta comissária também visitou uma creche e uma escola de
música instaladas na favela.
Ontem, Pillay esteve em Salvador, onde também visitou uma favela
e participou de reuniões com organizações da sociedade civil e de
promoção dos direitos humanos.
A representante da ONU viaja nesta quarta-feira para Brasília,
onde ficará por três dias para abrir um seminário internacional
sobre proteção dos direitos humanos e para assinar um acordo de
cooperação entre o Governo brasileiro e o Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos. EFE