Jairo Mejía.
Osaka (Japão), 18 mar (EFE).- O Japão acertou nesta sexta-feira com seus parceiros do G7 uma intervenção conjunta no iene pela primeira vez em mais de dez anos para impedir sua apreciação e evitar que o devastador terremoto de 11 de março provoque uma grave crise econômica.
Nesta sexta-feira, o Japão conseguiu o apoio dos emissores dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e dos membros europeus do G7 (Alemanha, França e Itália) reunidos no Banco Central Europeu para vender de maneira conjunta ienes e frear sua alta, que põe em risco o restabelecimento da economia.
Esta medida, que fontes do setor financeiro acreditam que começou nesta manhã com a venda de 500 bilhões de ienes (4,348 bilhões de euros) por parte do Banco do Japão, permitiu que o dólar avançasse frente ao iene até fechar em alta de 81 unidades em Tóquio.
Isto fez que o país impedisse a rápida apreciação do iene provocada pela certeza nos mercados de que o país precisará recorrer a um grande volume de fundos para realizar a reconstrução após o terremoto e posterior tsunami de 11 de março.
O dólar chegou a ser cotado nesta quinta-feira a 76,25 ienes, o que colocou a moeda japonesa em seu nível mais forte desde o fim da Segunda Guerra Mundial, um valor que nem sequer foi alcançado após o terremoto de Kobe em 1995, que causou 6.400 mortos.
Segundo confirmou nesta sexta-feira o Banco Central Europeu na abertura dos mercados na União Europeia, o emissor se uniu às operações de venda de ienes para dar apoio às operações do Japão.
Outra das medidas tomadas pelo Banco do Japão após o terremoto foi injetar 38 trilhões de ienes (330,511 bilhões de euros) em liquidez para evitar que a Bolsa de Tóquio entrasse em queda livre após a catástrofe registrada no país.
Esse amplo volume de fundos não impediu que desde o dia do terremoto, que atingiu a costa nordeste do Japão 14 minutos antes do fechamento das cotações da sexta-feira, 11 de março, o Nikkei tenha perdido mais de 10% de seu valor.
Enfraquecer o iene e manter a calma nos mercados são os primeiros passos para preparar uma reconstrução que deve ser longa, cara e muito arriscada para o poderio econômico japonês, que lutava antes deste desastre para manter o crescimento.
Segundo a empresa de consultoria japonesa Daiwa Institute, o terremoto que castigou o Japão causará uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2% no ano fiscal de 2011, que começa no próximo mês.
O desastre afetará bastante o desenvolvimento da região de Tohoku, a mais atingida, assim como as atividades produtivas de todo o país devido ao racionamento de eletricidade.
Na província de Fukushima, o terremoto e a crise nuclear afetaram empresas como Asahi e Sony, enquanto a Honda foi obrigada a estender até quarta-feira a suspensão de sua produção em todo Japão pela falta de componentes.
No entanto, segundo o Daiwa, a reconstrução, que já começou com a reparação de infraestruturas, potencializará a demanda no país, sobretudo no setor da construção, o que suavizará a queda do PIB.
Mitsumaru Kumagai, chefe do Daiwa Institute, indicou à agência "Kyodo" que o futuro da economia japonesa e o acerto destes prognósticos dependerão da evolução dos trabalhos para estabilizar a central de Fukushima Daiichi, que avançam lentamente nos reatores 3 e 4, os mais perigosos. EFE