Por Steve Holland e Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeram combater a "ideologia venenosa" dos extremistas islâmicos e disseram que as agências de inteligência devem ter permissão para perseguir militantes on-line, apesar das preocupações com a privacidade dos cidadãos.
Obama e Cameron tiveram dois dias de reuniões na Casa Branca em meio a uma crescente preocupação na Europa sobre a ameaça representada por extremistas, após 17 pessoas serem mortas durante ataques em Paris e as autoridades belgas terem se engajado em trocas de tiros com supostos terroristas.
"Enfrentamos uma ideologia venenosa e fanática que quer depravar uma das maiores religiões do mundo, o Islã, e criar conflito, terror e morte. Junto com os nossos aliados, vamos confrontá-la onde quer que apareça", disse Cameron em entrevista coletiva conjunta com Obama após reunião bilateral.
Obama disse que ele e Cameron aceitam a ideia de que as forças de inteligência e militares não são capazes de resolver o problema sozinhas e que trabalhariam juntos na elaboração de "estratégias de combate ao extremismo violento, que radicaliza recrutas e mobiliza pessoas, especialmente jovens, a se engajarem no terrorismo."
A capacidade dos extremistas para se comunicar on-line e disseminar propaganda de recrutamento pela Internet tem sido um desafio para as autoridades.
Obama e Cameron expressaram preocupações com novos produtos de criptografia que podem impedir governos de rastrear extremistas prestes a atacar.
Empresas de tecnologia se alarmaram com as técnicas de vigilância após o ex-prestador de serviço de inteligência norte-americano Edward Snowden ter vazado detalhes secretos sobre como o governo colhe dados de companhias como Google, Yahoo, Microsoft, AT&T e Verizon.
"Não estamos pedindo acesso a comunicações eletrônicas pelas portas dos fundos", disse Cameron. "Acreditamos em acessos diretos muito claros, através de processos legais que possam ajudar a manter nosso país seguro."
Obama disse que a discussão levantada por grupos de defesa dos direitos civis tem sido "útil" para o debate, mas que garantias legais existem para evitar que o governo entre em cenários semelhantes a um "Big Brother".
Ele alegou que o governo dos EUA trabalha junto a empresas de tecnologia para lidar com as preocupações em relação à privacidade, sem que isso impeça as investigações.
"Redes sociais e a Internet são o meio principal pelo qual essas organizações terroristas se comunicam", disse Obama.
Obama e Cameron também concordaram em conduzir exercícios de guerra virtual e em estabelecer uma "célula cibernética" conjunta para se preparar e compartilhar informações sobre invasões maliciosas.