Rodrigo Zuleta.
Berlim, 24 out (EFE).- O futuro Governo alemão apostará nas
reduções tributárias e no apoio às famílias e às pequenas e médias
empresas como fórmula central para combater a crise econômica e
voltar ao caminho do crescimento econômico.
Essas considerações podem ser feitas através do acordo de
coalizão apresentado hoje pela chanceler alemã, Angela Merkel, pelo
futuro vice-chanceler e chefe do Partido Liberal (FDP), Guido
Westerwelle, e pelo presidente da União Social-Cristã (CSU) e
primeiro-ministro bávaro, Horst Seehofer.
"Cumpriremos o que dissemos durante as eleições e não
aumentaremos impostos mas, pelo contrário, reduziremos os encargos
fiscais para os cidadãos e as empresas", disse Merkel, também
presidente de seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU).
A chanceler ressaltou também que a promessa de não aumentar
impostos era válida para os quatro anos da legislatura.
Westerwelle disse que o acordo de coalizão tinha um selo liberal
e comemorou as reduções tributárias planejadas, mesmo que estas não
alcancem o montante proposto por seu partido durante a campanha
eleitoral.
"Queremos outra vez que esteja valendo a pena trabalhar e que os
cidadãos obtenham mais de seu salário bruto", disse Westerwelle.
A ideia é que "as famílias tenham um alívio e começaremos com
isso em 1º de janeiro do próximo ano", acrescentou o futuro
vice-chanceler.
O subsídio familiar deverá aumentar dos 164 euros mensais atuais
para 200 euros, e a quantidade que pode ser descontada por filho
deverá subir de 6,024 mil euros ao ano para 7,004 mil euros.
No total, calcula-se que as ajudas às famílias deverão ter um
custo para o Estado de 8,5 bilhões de euro.
Além disso, serão aplicadas modificações à lei de impostos às
empresas e ao imposto sobre as heranças, que significarão um alívio
global de 2,5 bilhões de euros.
Também haverá a reforma tributária, que se concentrará em
modificar o que se chama de "progressão fria" - que, algumas vezes,
leva a que os aumentos salariais sejam devorados em grande parte
pela mudança de tarifa fiscal - e deverá ser aprovada em 2011.
No total, planeja-se uma redução tributária de 24 bilhões de
euros que será realizada em vários passos e que deverá concluir em
2013.
Merkel defendeu hoje as reduções tributárias, apesar da difícil
situação financeira, com o argumento de que a única forma de
enfrentar o desafio da consolidação orçamentária era fomentando o
crescimento.
"Por 100 mil desempregados a menos, haverá cerca de 2 bilhões de
euros a menos de custos", disse Merkel.
Westerwelle criticou duramente os que defendem o aumento de
impostos para combater as despesas da crise financeira.
"Seria absurdo ter criado um fundo para proteger os bancos da
crise e depois dizer que os trabalhadores têm que pagar com seus
impostos", afirmou Westerwelle.
O acordo também contempla uma reforma do financiamento do sistema
de saúde que, a princípio deverá levar ao congelamento da cota por
trabalhador paga pelos empregadores e à criação de uma contribuição
que cada funcionário terá que pagar, independente de sua renda.
Os trabalhadores de baixa renda deverão receber uma compensação -
através do sistema fiscal - pelo tenham que pagar para o
financiamento do sistema de saúde.
No entanto, esses planos ainda não estão totalmente definidos e
terão que ser examinados por uma comissão interministerial que será
criada quando o Governo for instalado.
Em relação a pesquisa, educação e ciência, o novo Governo colocou
como meta destinar a esses setores 5% do orçamento a partir de 2010.
Sobre a política energética, o acordo prevê prolongar a vida dos
reatores nucleares em funcionamento que cumprirem as condições de
segurança, voltando, assim, atrás no processo de abandono atômico
iniciado durante o Governo de Gerhard Schröder e que devia terminar
em 2020.
No entanto, a futura coalizão define a energia nuclear como uma
fonte que deverá funcionar só enquanto as renováveis se desenvolvem
o suficiente para serem economicamente competitivas e garantir o
fornecimento energético. EFE