BRASÍLIA (Reuters) - Mais de dez senadores, incluindo dois petistas, assinaram manifesto divulgado nesta quarta-feira contra o ajuste fiscal promovido pelo governo, justamente no dia em que deve ser votada no Senado uma das medidas editadas para ajudar no reequilíbrio das contas públicas.
Intitulado "Manifesto pela Mudança na Política Econômica e Contra o Ajuste", o documento contou com o apoio dos senadores petistas Lindbergh Farias (RJ) e Paulo Paim (RS), além de Cristóvam Buarque (PDT-DF), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Roberto Requião (PMDB-PR) e Hélio José (PSD-DF), todos de partidos da base do governo.
Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), e os integrantes do PSB Antonio Carlos Valadares (SE), Lídice da Mata (BA), João Capiberibe (AP), Roberto Rocha (MA), também assinam o manifesto.
"A posição do governo, expressa pelo Ministério da Fazenda, está concentrada exclusivamente numa política de ajuste fiscal, que além de insuficiente, pode deteriorar ainda mais o quadro econômico brasileiro", diz o documento.
"O quadro de desequilíbrio fiscal das contas do governo não é responsabilidade dos mais pobres, trabalhadores, aposentados e pensionistas", afirma o manifesto, que critica as duas principais medidas provisórias editadas pelo governo no contexto de ajuste fiscal, a 664 e a 665.
O Senado deve analisar ainda nesta quarta a MP 665, que altera as regras de acesso a benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego e o abono salarial. Na próxima semana, será a vez de votar a 664, que modifica a concessão de benefícios previdenciários como a pensão por morte, além de flexibilizar a incidência do fator previdenciário, após a aprovação de uma emenda na Câmara dos Deputados.
Ainda que argumente que editou as medidas para corrigir distorções nesses benefícios, o governo estimava economizar 18 bilhões de reais com os textos ordinais das MPs. O valor deve ser menor, uma vez que as medidas sofreram alterações no decorrer da tramitação no Congresso.
(Por Maria Carolina Marcello)