Paris, 31 jan (EFE).- O economista americano Paul Krugman, Nobel de Economia em 2008, considera que o atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem 60% de chances de ser reeleito, uma porcentagem que "está aumentando".
"Acho que tem 60% de chances de ganhar. Ele está sendo vítima de uma situação econômica ruim, mas o que importa são os três meses anteriores às eleições e aí pode haver uma recuperação", avaliou Krugman nesta terça-feira em Paris, durante a conferência "A crise financeira e econômica na Europa e Estados Unidos".
O economista, editorialista do "The New York Times", considerou que o Partido Republicano "não está à altura do desafio" que o país tem pela frente.
"Cada vez que um dos candidatos republicanos aparece na televisão, as possibilidades de Obama aumentam", afirmou.
Krugman considerou que o favorito à vitória nas primárias republicanas, Mitt Romney, favorece o discurso de Obama.
"Obama está fazendo agora uma campanha populista identificando os republicanos com ricos que não pagam impostos, uma imagem que cabe muito bem com o favorito dos republicanos", declarou.
O Nobel de Economia avaliou que as chances de Obama estão em ascensão: "Há seis meses teria apostado pouco em Obama, mas desde que começaram os debates republicanos, sua situação melhorou".
Na conferência, Krugman repetiu os pontos essenciais de sua doutrina econômica, criticou a atuação do Banco Central Europeu (BCE) por sua decisão de elevar as taxas de juros e de não comprar dívida soberana dos países em risco e apostou em uma homogeneização econômica na Europa.
Segundo o americano, o problema na Europa "não é de governança econômica", mas da crise derivada da explosão da bolha imobiliária.
"Isso provocou um grande aumento do desemprego e obrigou alguns países a se endividar demais", considerou o economista, que criticou as políticas europeias que só atendem ao rigor sem se preocupar com a recuperação econômica.
"Em países como a Espanha, agora o problema não é de governança, mas de ver como se pode recuperar competitividade sem voltar a provocar outra bolha imobiliária", disse.
Para Krugman, a Europa tem "um problema de estresse interno" e avaliou que a situação de sua dívida "seria melhor que a dos EUA se fosse um único país".
"A Europa não tem um problema de competitividade, sua balança comercial é positiva. O problema são as diferenças internas. A Espanha tem um problema de competitividade derivado de seus elevados custos de produção com relação aos outros países do continente", indicou como exemplo.
Para ele, "um pouco de inflação favoreceria a recuperação na Europa", lembrando que em janeiro de 2011 o BCE "não deu atenção a alguns economistas anglo-saxões", que pediram que as taxas de juros não fossem elevadas.
Krugman também considerou uma "má ideia" que todos os países da UE copiem o modelo alemão, porque não encontrariam mercados para colocar seus produtos.
Além disso, o Nobel de Economia se mostrou "favorável", mas "não entusiasta", da taxação sobre as transações financeiras, que é apoiada por alguns líderes europeus.
"Não acho que uma taxa desse tipo teria evitado esta crise, não teria evitado que os bancos espanhóis financiassem a bolha imobiliária", disse o economista. EFE