María Luisa González
Madri, 27 mai (EFE).- Por um só voto de diferença, o Governo
espanhol consegui aprovar seu polêmico plano para reduzir o déficit
público.
O decreto-lei que estabelece a redução dos salários dos
empregados públicos, o congelamento das aposentadorias e o corte do
investimento foi aprovado em uma votação tensa com 169 votos a favor
(todos os deputados socialistas), 168 contra e 13 abstenções.
A abstenção de 10 deputados nacionalistas catalães de
centro-direita da Convergência e União, junto à da União do Povo
Navarro e da Coalizão Canária, facilitou o plano do Governo de José
Luis Rodríguez Zapatero de levar adiante as medidas controversas que
pretendem evitar a crise.
A rejeição do Parlamento, segundo os analistas, não só é uma
catástrofe para o Executivo socialista, mas uma péssima mensagem
para os mercados financeiros que têm à Espanha na mira a semanas por
causa da crise grega.
As medidas de economia que pretendem diminuir o déficit público a
3% em 2013 foram reivindicadas pela União Europeia.
Para o Partido Popular (PP), que com 153 deputados é o principal
partido da oposição na Espanha, seu voto contra não significa que se
oponha à redução do déficit público, mas ao modo como o Executivo o
colocou, qualificado de "improvisado, insuficiente e injusto".
"O plano simboliza o fracasso de toda sua política, não só da
econômica", afirmou o líder do PP, Mariano Rajoy, que deseja suceder
Zapatero à frente do Governo da Espanha e que perdeu em duas
ocasiões, em 2004 e 2008, uma disputa eleitoral com o dirigente
socialista.
Para Rajoy, Zapatero é "o principal problema da economia
espanhola".
Ponto no qual o porta-voz dos nacionalistas catalães, Josep
Antoni Duran i Lleida, concorda, embora sua abstenção tenha
facilitado a aprovação do plano. Ele defende que o "problema" é
Zapatero "e seu Governo".
Por isso, o aconselhou a pensar em convocar eleições, não
imediatamente, mas em um horizonte próximo, assim que a reforma
trabalhista que o Executivo negocia com os patrões e os sindicatos e
o Orçamento Geral do próximo ano estejam prontos.
Os outros dois grupos minoritários, a União do Povo Navarro e a
Coalizão Canária, que somaram seus três votos aos 10 dos catalães na
abstenção, justificaram sua postura como uma forma de evitar um mal
maior e redundaram no argumento de Duran i Lleida de que fizeram
isso para que a "Espanha não caia em um poço mais profundo".
Após o debate fontes do Executivo disseram que "O Governo está
só, mas não está débil".
Já a porta-voz parlamentar dos 'populares', Soraya Sáenz de
Santamaría, disse que seria "um ato de responsabilidade" que o
Governo convocasse eleições.
Os próximos pleito gerais na Espanha estão previstos para 2012.
Zapatero, que deveria ir ao Brasil para participar do III Fórum
da Aliança de Civilizações, que patrocina junto com ao
primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, suspendeu a viagem
para concentrar-se nas medidas anticrise.
O próprio Zapatero anunciou sua mudança de planos aos jornalistas
no Parlamento após o acirrado debate que, segundo os analistas,
evidenciou a grande solidão do Governo socialista, que com seus 169
deputados não tem maioria absoluta no Parlamento e precisa de apoios
pontuais de outras forças.
Com as medidas aprovadas hoje, o Executivo pretende economizar
15,250 bilhões de euros entre 2010 e 2011 e reduzir o déficit
público a 3% em 2013.
De todas as medidas incluídas no plano de economia, o
congelamento das aposentadorias em 2011 é a que causou a maior
rejeição. EFE