Por Julien Toyer e Sarah White
MADRI (Reuters) - Para qualquer um que tivesse dúvidas sobre sua estratégia de reeleição, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, sempre teve uma reposta simples: "confie em mim". Agora, os resultados das eleições regionais levantam dúvidas sobre sua convicção de que uma recuperação econômica poderá garantir um segundo mandato no fim deste ano.
Dentro de seis meses, quando a próxima eleição geral for realizada, a economia espanhola estará crescendo a um ritmo de 3 por cento, e 500 mil empregos terão sido criados. Esta foi a mensagem de Rajoy ao fazer campanha pelo conservador Partido Popular (PP) antes de eleições municipais e regionais no último fim de semana.
Mas muitos eleitores não têm sentido uma recuperação e, após uma série de escândalos de corrupção que contaminou o partido governante, muitos deles preferiram votar em novas forças no domingo, como o partido antiausteridade Podemos e o Cidadãos, que é a favor de políticas de mercado.
Embora o PP tenha conquistado a maioria dos votos em geral, o avanço dos outros partidos significa que o partido governista perdeu suas maiorias nos poderosos governos regionais e municipais em todo o país, seu pior resultado em 20 anos.
"É a época perfeita para refletir. O partido foi muito afetado... com certeza, estamos indo para o caminho errado. Somos o partido que conquistou a maioria dos votos, mas os eleitores nos enviaram uma mensagem de raiva", disse um alto membro do PP que esteve presente em uma reunião do comitê executivo da legenda nesta segunda-feira, pedindo para não ser identificado.
"Nós não fizemos uma autocrítica séria... algo não está funcionando e temos que diagnosticar isso", acrescentou.
Após o encontro, Rajoy manteve sua posição.
Ele disse que manteria o foco na recuperação econômica e simplesmente tentaria explicar melhor os planos aos espanhóis. Ele não deve reestruturar ministérios, nem mudar sua estratégia.
Questionado se ele ainda acreditava ser o melhor candidato possível para a eleição geral, ele apenas disse que "sim".