Buenos Aires, 22 mar (EFE).- O juiz nova-iorquino Thomas Griesa autorizou a filial do banco americano Citibank na Argentina a pagar os credores com títulos da dívida reestruturada sob jurisdição do país sul-americano, em mais um episódio do conflito entre o governo de Cristina Kirchner e os fundos especulativos.
Através de um comunicado, o Citibank anunciou que a Corte do distrito sul de Nova York "emitiu uma ordem pela qual, entre outras coisas, não impedirá que a filial do Citi na Argentina cumpra com suas obrigações de processamento do pagamento em relação aos juros dos bônus em dólares sob jurisdição argentina, que poderão ser pagos no dia 31 de março".
O juiz também autorizou que o banco "execute sua saída do negócio de custódia de títulos na Argentina, processo que será realizado em total acordo com as leis e regulações vigentes", segundo o comunicado divulgado neste domingo pela imprensa do país sul-americano.
O documento detalha que "o negócio de custódia representa aproximadamente 2% das receitas do Citi Argentina e, por sua própria natureza, não tem relação significativa com o restante de suas atividades bancárias" que se desenvolvem no país.
A entidade bancária argumenta que o "Citi cumpriu um papel relevante na economia argentina durante mais de 100 anos e espera continuar desempenhando esse papel ao longo das próximas décadas".
Na semana passada, Griesa tinha rejeitado uma moção do banco na qual este pedia para ser eximido do cumprimento da cláusula de pagamento simultâneo para poder realizar o desembolso e evitar o descumprimento da legislação argentina, que lhe acarretaria duras sanções.
A autorização de Griesa diminui a escalada de tensão dos últimos dias entre a filial argentina do Citibank e o governo do país sul-americano, que designou na última sexta-feira um observador na entidade bancária para garantir o pagamento aos credores que aceitaram a renegociação dos títulos da dívida sob jurisdição argentina de 2005 e 2010.
Uma decisão de Griesa, que o governo de Cristina Kirchner se nega a acatar, obriga a Argentina a pagar cerca de US$ 1,3 bilhão, acrescidos de juros, para os fundos especulativos que rejeitaram a reestruturação da dívida em moratória desde 2001 e ordena que esse pagamento deve ser feito antes ou ao mesmo tempo em que o dos credores que aceitaram a renegociação.