Por Margaryta Chornokondratenko
KIEV (Reuters) - Kiev pode desistir de uma ameaça de boicote à Olimpíada de Paris do ano que vem se atletas da Rússia e de Belarus, aliadas na guerra na Ucrânia, competirem sob uma bandeira neutra em vez de suas cores nacionais, disse o ministro dos Esportes da Ucrânia à Reuters.
Vadym Huttsait afirmou que não houve decisão para suavizar a posição da Ucrânia, mas indicou que Kiev pode estar aberta a reverter uma política que provavelmente excluiria atletas ucranianos dos Jogos.
Em abril, a Ucrânia proibiu suas seleções esportivas nacionais de disputarem eventos olímpicos, não olímpicos e paralímpicos que tenham competidores de Rússia e Belarus - independentemente das bandeiras sob as quais os atletas desses dois países estejam competindo.
"Iniciamos discussões com os presidentes das federações, as próprias federações, os esportistas", disse ele, referindo-se à proposta de bandeira neutra para atletas russos e bielorrussos.
"Se isso acontecer, vamos participar ou não? A decisão ainda não foi tomada e, portanto, não há abrandamento ainda", afirmou.
A invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia já matou dezenas de milhares, destruiu cidades, desalojou milhões e golpeou a economia. As tropas russas usaram Belarus como base para seu ataque a Kiev no início da invasão.
Alguns atletas ucranianos condenaram a proibição geral de competir contra russos e bielorrussos como uma ferida autoinfligida que privaria Kiev de representação e suas estrelas do esporte de suas carreiras.
Huttsait, um esgrimista vencedor da medalha de ouro olímpica décadas atrás, disse à Reuters que a escolha é extremamente difícil e que a decisão original ainda estava em vigor, mas em discussão.
"Não podemos estar ao lado deles (os russos), mas por outro lado estamos punindo nossos esportistas se eles não puderem competir... eles querem ir, vencer e mostrar nossa bandeira no pódio."
Huttsait afirmou que seu ministério estava discutindo com as federações esportivas ucranianas se os atletas estariam preparados para competir contra atletas russos e bielorrussos sob uma bandeira neutra.
Huttsait disse que conversou com o Comitê Olímpico Internacional (COI) pela última vez há três semanas e tentou convencê-los de que russos e bielorrussos não podem competir nas Olimpíadas enquanto cidades ucranianas estão sendo bombardeadas.
O COI disse que a decisão da Ucrânia de não permitir que seus atletas participem das eliminatórias para os Jogos de Paris sob a política atual do ministério era "difícil de entender".
O COI, que afirma ter que "administrar uma realidade complexa", condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas diz que os atletas não devem ser punidos por causa de seus passaportes. Espera-se que o órgão olímpico permita que russos e bielorrussos compitam sob uma bandeira neutra.