BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal informou nesta sexta-feira em nota que o volume de alertas de desmatamento para atividade de garimpo ilegal acionados por sistema de satélites na Terra Indígena Yanomami teve uma redução de 96,6% em abril deste ano em comparação a mesmo período em 2022.
Segundo o levantamento da PF, as imagens de satélite identificaram 18 alertas de desmatamento no território no mês passado, em comparação com 444 alertas em abril de 2022.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em prática uma operação de desintrusão da área do povo yanomami desde o início do ano, quando veio à tona uma crise humanitária envolvendo os indígenas, declarando emergência de saúde e lançando uma força-tarefa envolvendo militares, policiais, órgãos de proteção do meio ambiente e dos povos indígenas para retirar os invasores.
As autoridades seguem seu plano para concluir a desintrusão do território. Segundo nota da Polícia Federal, "as ações de combate ao crime na Terra Indígena Yanomami serão permanentes e ajustadas conforme a dinâmica dos ilícitos que forem identificados na região".
Dados da PF apontam que estão sendo conduzidos mais de 70 procedimentos investigativos para apurar o envolvimento de suspeitos com cadeia produtiva criminosa da região, que inclui membros de facções e de grandes grupos econômicos. Já foram bloqueados ou apreendidos 138 milhões de reais em operações contra o financiamento do garimpo ilegal, segundo a polícia.
Cerca de 20 mil garimpeiros ocupavam a maior reserva indígena do Brasil, onde o garimpo figura como um problema antigo na região onde vivem os yanomami. Quando a reserva Yanomami foi demarcada e reconhecida pelo governo em 1992, em Roraima, autoridades montaram uma operação para expulsar milhares de garimpeiros.
Eles voltaram à área em números expressivos sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que defendia a mineração em terras indígenas e fechou os olhos para invasões de reservas por garimpeiros e madeireiros ilegais.
A PF informou que destruiu na última quinta-feira três aeronaves de suporte a "criminosos" na Terra Indígena Yanomami após operação de fiscalização em pistas de pouso clandestinas próximas à reserva. Também foram destruídos durante a semana acampamentos, combustíveis e maquinário encontrados na terra indígena.
(Por Maria Carolina Marcello)