(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo, em ato de campanha em Minas Gerais ao lado da senadora e terceira colocada no primeiro turno da disputa pelo Palácio do Planalto, Simone Tebet (MDB), para que seus apoiadores reforcem o trabalho para garantir que as pessoas votem no dia 30, refletindo as preocupações com a abstenção no segundo turno.
"Eu queria que vocês fizessem um pouco mais", disse Lula em comício em Teófilo Otoni, depois de agradecer os votos que recebeu no primeiro turno. "Eu queria, Sucupira, que você e seu povo começassem a andar casa por casa, saber quem é que não foi votar e convencer o companheiro a votar", disse, citando o nome do prefeito da cidade, Daniel Sucupira.
Em uma disputa muito acirrada, as campanhas de Lula e do candidato à reeleição Jair Bolsonaro estão buscando as melhores estratégias para garantir que seus apoiadores votem no próximo dia 30. Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira mostrou Lula com 49% das intenções de voto e o presidente com 45%.
Durante a caminhada, Lula criticou o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), que declarou apoio no segundo turno a Bolsonaro.
"Não costumo chegar numa cidade e falar mal do prefeito ou do governador do Estado... entretanto, o governador (Zema) durante a eleição dele fingiu não ter candidato a presidente, porque ele sabia que 40% dos meus eleitores votavam nele. Então ele ficou quietinho sem falar o nome do presidente. Agora que ele ganhou as eleições, caiu a máscara, ele é bolsonarista", criticou o petista.
Zema, que foi reeleito, procurou se manter distante de Bolsonaro na disputa nacional no primeiro turno, inclusive com a justificativa de que o Novo tinha um candidato a presidente, Felipe D'Avila. Mas, logo depois da votação, o governador mineiro declarou seu apoio ao presidente.
Minas Gerais foi o único dos três maiores colégios eleitorais do país onde Lula ganhou no primeiro turno. O petista teve uma vantagem de cerca de 563 mil votos sobre Bolsonaro. Em termos percentuais, a diferença foi praticamente a mesma do placar nacional, onde o petista teve 48,43% dos votos válidos contra 43,20% do candidato à reeleição.
Simone Tebet
Em seu primeiro evento de campanha ao lado de Lula, a senadora Tebet, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 4,16% dos votos válidos, disse que vai votar no petista porque ele ama a democracia e coloca as pessoas em primeiro lugar, enquanto Bolsonaro flerta com o autoritarismo e é desumano.
"Eu estou aqui para dizer em alto e bom som que dia 30 vou votar no 13", disse a senadora.
Durante seu discurso, Tebet atacou duramente Bolsonaro sobre o episódio envolvendo jovens venezuelanas.
Em entrevista a um podcast há uma semana, o presidente relatou: "Olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas; de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, 'posso entrar na tua casa?' Entrei", disse.
"Tinha umas 15, 20 meninas, (num) sábado de manhã, se arrumando — todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida", emendou.
Pouco antes da senadora falar, a professora Claudilene Costa disse que o episódio mostrava um crime. Simone Tebet foi além.
"A Cláudia foi muito delicada quando disse que 'pintou um clima' é crime. É mais do que isso: isso é pedofilia, e lugar de pedófilo é na cadeia", afirmou.
A ex-ministro Marina Silva também participou da caminhada e do comício.
(Por Alexandre Caverni, em São Paulo)