BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado que o Supremo Tribunal Federal (STF) está "superforte" e que sua reeleição, além de contar com um Congresso mais afinado com sua agenda, ajudaria na busca de um equilíbrio com o Poder Judiciário.
"Não pode ter um poder mais forte que o outro, atualmente tem um poder que está superforte, que é o Supremo Tribunal Federal. Como é que pode um ministro (mandar) prender por oito meses um deputado federal por palavra, por mais forte que seja", disse ele, durante entrevista coletiva em Fortaleza, onde cumpre agenda de campanha.
Nesse último trecho, Bolsonaro citava indiretamente o caso envolvendo o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi inicialmente preso em fevereiro de 2021 por ordem do ministro Alexandre de Moraes por ter divulgado um vídeo com críticas aos ministros do Supremo e em que defende o Ato Institucional nº 5 -- o plenário do STF confirmou a decisão.
Em abril deste ano, Silveira foi condenado à pena de prisão pelo Supremo pelos crimes de coação no curso do processo e atentado ao Estado Democrático de Direito ao ameaçar ministros da corte. Posteriormente, o presidente concedeu um perdão judicial ao deputado federal.
Mesmo com o apoio de Bolsonaro, Silveira não conseguiu vencer a disputa por uma vaga do Senado pelo Rio de Janeiro. Mas ele é um importante aliado do presidente no Estado.
O presidente disse que é alvo de interferências e negou que pretenda trabalhar, caso reeleito, por um aumento do número de cadeiras do STF. Aliados dele, como o vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos), falaram publicamente dessa iniciativa.
"Quem sofre interferência sou eu, inventaram que eu vou aumentar mais cinco (ministros) lá no Supremo. Eu já tenho dois lá, caso reeleito boto mais dois, fico com quatro. PT vai para cinco, depois fica uma vaga com Temer e outra com FHC, olha o equilíbrio, pacificou a relação com o Poder Judiciário", disse.
DEBATE
O presidente disse que, durante o debate previsto para ocorrer no domingo na TV Bandeirantes, vai buscar mostrar e comparar os feitos do seu governo com o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro destacou o valor do Auxílio Brasil, atualmente em 600 reais, superior ao que se pagava na época do antecessor Bolsa Família, criado na gestão de Lula.
"Ele não é o pai dos pobres, quem atendeu melhor os pobres, eu ou ele?", questionou.
O candidato à reeleição cumpre uma agenda de campanha neste sábado no Nordeste, região em que Lula teve larga vantagem no primeiro turno de votação. Bolsonaro quer reduzir essa diferença para vencer na votação final daqui a duas semanas.
(Reportagem de Ricardo Brito)