Por Fernando Kallas e Emma Pinedo
LAS ROZAS, ESPANHA (Reuters) - O chefe olímpico da Espanha disse nesta sexta-feira que as ações do chefe da federação de futebol, Luis Rubiales, que causou polêmica ao beijar uma jogadora vencedora da Copa do Mundo feminina, foram "inapropriadas e inaceitáveis", mas não representaram o esporte espanhol como um todo.
Enquanto isso, o técnico da seleção masculina, Luis de la Fuente, pediu desculpas por ter aplaudido Rubiales quando ele se recusou a se demitir na semana passada, e os sindicatos das jogadoras anunciaram uma greve de dois jogos na liga nacional feminina em protesto contra suas condições e salários.
Os promotores abriram uma investigação preliminar sobre uma possível agressão sexual depois que Rubiales agarrou a cabeça da jogadora Jenni Hermoso e a beijou na boca após a vitória da Espanha em Sydney em 20 de agosto.
O presidente do Comitê Olímpico Espanhol, Alejandro Blanco, disse que os gestos de Rubiales -- que ele descreveu como um amigo pessoal -- não podem ser tolerados. É "inaceitável que um incidente isolado tire os holofotes dos nossos e nossas esportistas", disse Blanco em coletiva de imprensa.
Além do beijo, Rubiales também foi criticado por ter apalpado seus órgãos genitais enquanto comemorava a vitória do time no camarote VIP ao lado da Rainha Letizia da Espanha e sua filha de 16 anos.
Rubiales, que disse que o beijo foi consensual, recusou-se a renunciar ao cargo de presidente da federação. Ele foi suspenso por três meses pela Fifa, enquanto se aguarda uma investigação disciplinar da entidade máxima do futebol.
Hermoso disse que não consentiu com o beijo e se sentiu "vulnerável e vítima de uma agressão".
Há uma semana, dezenas das principais jogadoras da Espanha disseram que não voltariam a jogar pela seleção nacional sob a liderança atual.
Em um sinal da crescente pressão por direitos iguais, o sindicato disse que a greve planejada na liga doméstica feminina resultou de um impasse nas negociações com a liga para "conseguir um tratamento justo e digno para as jogadoras de futebol e abordar e reduzir a diferença salarial existente".
A greve está planejada para as duas primeiras rodadas da temporada, em 8 e 15 de setembro.
A vice-primeira-ministra Yolanda Diaz saudou a ação das jogadoras. "Vocês estão definindo o padrão na defesa do trabalho decente e da igualdade real", escreveu ela no X, anteriormente conhecido como Twitter.