BRASÍLIA (Reuters) - Autoridades de saúde indígena disseram nesta terça-feira que a emergência médica enfrentada pelo povo yanomami só pode ser superada se os garimpeiros ilegais que invadiram sua reserva em Roraima forem retirados do território.
"A crise de desnutrição continua extremamente grave. Acreditamos que a reabertura das unidades médicas só pode ser feita quando todos os garimpeiros forem removidos", disse o secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, em entrevista coletiva.
Os cerca de 20 mil garimpeiros ilegais na reserva yanomami levaram malária e uma grave escassez de alimentos, causando a morte de crianças yanomami por fome, disse Weibe.
Aproximadamente 700 pacientes foram transportados de avião para Boa Vista, capital de Roraima. Segundo o secretário, os doentes estão sendo tratados no hospital do centro de saúde indígena da Casai e em um hospital de campanha.
Weibe afirmou que é necessário ter urgentemente um segundo hospital de campanha na aldeia de Surucucu dentro da reserva yanomami e a melhoria da pista de pouso para facilitar o transporte aéreo de alimentos, remédios e pessoal de saúde.
A violência armada levada por grupos criminosos que apoiam os garimpeiros causou o fechamento dos postos de saúde da reserva, a maior do Brasil, onde vivem cerca de 28 mil indígenas do povo yanomami em uma área de floresta do tamanho de Portugal.
A desnutrição severa se espalhou nas aldeias yanomami, onde a caça ficou escassa e a água dos rios foi poluída pelo mercúrio utilizado nos garimpos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou uma emergência médica para os yanomami e seu governo trabalha para expulsar os garimpeiros com uma força-tarefa envolvendo militares, policiais e órgãos de proteção ao meio ambiente e os povos indígenas.
(Reportagem de Anthony Boadle)