BERLIM (Reuters) - Um embaixador da Copa do Mundo no Catar disse à emissora de televisão alemã ZDF que a homossexualidade é "dano mental", enquanto o Estado do Golfo se prepara para sediar o torneio global em menos de duas semanas.
Em uma entrevista filmada em Doha, o ex-jogador do Catar Khalid Salman abordou a questão da homossexualidade, que é ilegal no país muçulmano conservador.
Alguns jogadores de futebol têm levantado preocupações sobre os direitos dos torcedores que viajam para o evento, especialmente indivíduos LGBT+ e mulheres, que, segundo grupos de direitos humanos, as leis do Catar discriminam.
O país espera mais de um milhão de visitantes para a Copa do Mundo.
"Eles têm que aceitar nossas regras aqui", disse Salman, em um trecho da entrevista. "(Homossexualidade) é haram. Você sabe o que significa haram (proibido)?", afirmou.
Quando perguntado por que era haram, Salman disse: "Eu não sou um muçulmano rígido, mas por que é haram? Porque é um dano mental".
A entrevista foi imediatamente interrompida por uma autoridade que a acompanhava. Os organizadores da Copa do Mundo do Catar, quando contatados pela Reuters, não quiseram comentar.
A Fifa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
"Obviamente, esses comentários são terríveis", disse nesta terça-feira a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, que visitou o Catar há uma semana.
Os organizadores do Mundial têm dito repetidamente que todos são bem-vindos no Catar durante a Copa do Mundo.
O Catar é o primeiro país do Oriente Médio a sediar a Copa do Mundo, mas a pequena nação tem sofrido intensa pressão nos últimos anos pelo tratamento dado a trabalhadores estrangeiros e leis sociais restritivas.
O histórico de direitos humanos do país levou a pedidos para que equipes e autoridades boicotassem o torneio, que acontece de 20 de novembro a 18 de dezembro.
(Reportagem de Karolos Grohmann, reportagem adicional de Andrew Mills em Doha e Paul Carrel em Berlim)