Por Khalid Abdelaziz e Nafisa Eltahir
CARTUM (Reuters) - O Exército do Sudão levou vantagem neste domingo em uma sangrenta luta pelo poder do país na disputa contra forças paramilitares rivais depois de explodir as bases dos oponentes com ataques aéreos, disseram testemunhas, e pelo menos 59 civis acabaram mortos, incluindo três funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os combates eclodiram no sábado entre unidades do Exército leais ao general Abdel Fattah al-Burhan, chefe do Conselho Soberano do governo de transição do Sudão, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, que é vice-presidente do conselho.
Foi o primeiro surto de violência desta natureza desde que ambos uniram forças para derrubar o veterano autocrata islamista Omar Hassan al-Bashir em 2019 e acabou desencadeado por um desacordo sobre a integração da RSF às Forças Armadas como parte de uma transição para o governo civil.
Estados Unidos, China, Rússia, Egito, Arábia Saudita, União Europeia, União Africana e Conselho de Segurança da ONU pediram pelo fim imediato das hostilidades que ameaçam piorar a instabilidade em uma região já volátil.
A tentativa dos países vizinhos e dos órgãos regionais para acabar com a violência se intensificou neste domingo. Incluindo uma oferta do Egito e do Sudão do Sul para mediar entre as partes em conflito, de acordo com um comunicado da Presidência egípcia.
Os dois lados na disputa têm lutado pelo poder enquanto facções políticas negociam a formação de um governo de transição após um golpe militar em 2021. O paradeiro de Hemedti segue desconhecido neste domingo, mas al-Burhan está dentro do quartel-general do Exército no centro de Cartum.
Testemunhas e moradores disseram à Reuters que o Exército realizou ataques aéreos em quartéis e bases da RSF, inclusive em Omdurman, do outro lado do rio Nilo, e conseguiu destruir a maioria de suas instalações.
Eles disseram ainda que o Exército também retomou o controle de grande parte do palácio presidencial de Cartum, que estava nas mãos da RSF, depois que ambos os lados disseram controlá-lo e controlar outras instalações importantes em Cartum, onde ataques prosseguem durante o domingo.
Membros da RSF permanecem dentro do aeroporto internacional de Cartum, que está sitiado pelo Exército. As forças do governo só não atacou o local para evitar grandes danos, disseram testemunhas.
"A hora da vitória está próxima", disse o Exército em um comunicado neste domingo. "Rezamos por misericórdia pelas vidas inocentes ceifadas por esta aventura imprudente empreendida pela milícia rebelde RSF... Teremos boas notícias para nosso orgulhoso povo em breve, se Deus quiser."
Mas um problema crucial, disseram testemunhas e moradores, está no fato de milhares de membros fortemente armados da RSF estarem posicionados em bairros da capital Cartum e de outras cidades, sem nenhuma autoridade capaz de controlá-los.