PARIS (Reuters) - Manifestantes marcharam em cidades de toda a França pelo quinto fim de semana consecutivo para protestar contra as regras sanitárias impostas pelo governo que torna obrigatória a apresentação de um passe de saúde para atividades diárias, no que pode ter sido o maior protesto até agora.
Os manifestantes se reuniram pelas ruas de Paris, Marselha, Nice, Montpellier e outras cidades agitando cartazes com os dizeres "Passe = Apartheid" e gritando "Liberdade, liberdade".
Desde a última segunda-feira, os cidadãos franceses são obrigados a mostrar o passe em locais públicos, comprovando que foram vacinados ou recentemente tiveram resultado negativo para o coronavírus.
Depois de uma semana de leniência da polícia, o governo prometeu endurecer a fiscalização. E os testes, a menos que prescritos por um médico, não serão mais gratuitos a partir de outubro.
O número de manifestantes mais do que dobrou entre o primeiro e o quarto sábado de protesto, de 114.000 em 17 de julho para 237.000 em 7 de agosto.
As autoridades estimam que os mais de 200 atos em andamento no país totalizarão cerca de 250.000 manifestantes.
Os protestos uniram um grupo heterogêneo contra a legislação do presidente Emmanuel Macron, que visa ajudar a conter uma quarta onda de infecções por Covid-19 que se espalha pela França e ajudar a proteger a recuperação econômica do país.
O número de pessoas tratadas para Covid-19 em unidades de terapia intensiva mais do que dobrou em menos de um mês, chegando a 1.831 na sexta-feira, um número mais de três vezes menor do que o terceiro pico de bloqueio de 6.001, mas alto o suficiente para desencadear novas medidas restritivas em certas áreas.
Dados do Ministério da Saúde mostraram que nove em cada dez pacientes com Covid-19 recentemente admitidos em terapia intensiva não foram vacinados. A maioria dos franceses apóia o passe de saúde, mostram as pesquisas.
Entre os manifestantes estão remanescentes do movimento antigovernamental "Colete Amarelo" que abalou a liderança de Macron durante 2018-2019, e também outros cidadãos que são antivacinas ou consideram o passe de saúde discriminatório.
As taxas de vacinação aumentaram depois que Macron revelou seus planos de passe de saúde no mês passado. Quase 70% de todos os franceses já receberam uma dose e 57,5% estão totalmente vacinados.
(Reportagem de Benoit Van Overstraeten e Michaela Cabrera)