Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro convocou nesta terça-feira uma reunião entre a equipe econômica e as direções da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Agentes Penitenciários federais para tratar de reivindicações das categorias, que têm cobrado promessas do governo.
"Temos que valorizar vocês. Não podemos ficar nos discursos e promessas", disse Bolsonaro durante evento com os policiais rodoviários no Palácio do Planalto.
Inicialmente apoiado pelas categorias, Bolsonaro tem visto a rejeição a seu nome crescer entre membros de forças de segurança. Os policiais cobram promessas feitas durante a campanha e no início do governo que não foram cumpridas, e reclamam de reformas, como a da Previdência, que afetou essas categorias, mas não atingiu os militares, por exemplo.
Policiais Federais chegaram a fazer vários protestos contra o governo, cobrando perdas salariais e de direitos com as reformas. Na semana passada, em um evento em Brasília, o diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, iria anunciar a criação de um plano de saúde para os policiais da ativa e aposentados, mas o evento acabou sendo cancelado porque Bolsonaro não podia participar.
Ontem, o ministro da Justiça, Anderson Torres, anunciou que entregou à equipe econômica a reestruturação do plano de carreira dos policiais federais, PRF e Agentes Penitenciários. Torres não fala de reajuste, mas a mudança nos planos de carreira --uma reivindicação antiga da categoria-- prevê novos patamares que incluem novas progressões salariais.
"Nossa ideia é reestruturar a carreira da PRF, criar uma carreira de verdade para eles, mudar algumas coisas nas carreiras da PF, e regulamentar e organizar a polícia penal", disse Torres depois do evento no Planalto.
Perguntado sobre reajustes, o ministro afirmou que toda reestruturação de carreira envolve reajustes, mas que não há ainda cálculo do impacto financeiro.
"Não tem estimativa ainda de impacto, valores, nada disso está fechado anda", disse. "Tem que fazer uma previsão orçamentária este ano por MP para aplicar ano que vem."
O governo federal suspendeu todos os reajustes salariais desde 2020, com início da pandemia, e a equipe econômica afirma que não havia folga. No entanto, com a aprovação da PEC dos Precatórios, que alterou o cálculo do teto de gastos, Bolsonaro começou a falar em dar reajuste aos servidores, de olho nas eleições de 2022.
O projeto aprovado no Senado, que ainda precisa ser votado novamente pela Câmara, não prevê reajuste a servidores entre as possibilidades de aplicação dos recursos dessa sobra.