Por Sarah N. Lynch e Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - O ataque de 6 de janeiro ao Capitólio de Washington, onde fica o Congresso dos Estados Unidos, por uma multidão de apoiadores do então presidente Donald Trump que tentava reverter sua derrota eleitoral apresentou uma violência terrível semelhante a um campo de batalha medieval, disse um policial ferido na confusão a um comitê da Câmara dos Deputados nesta terça-feira.
Na primeira audiência do comitê de investigação da Câmara liderada pelos democratas, o oficial, Aquilino Gonell, descreveu em comentários preparados para seu depoimento que foi golpeado por desordeiros incitados pelas falsas alegações de Trump de que a eleição havia sido roubada por meio de fraude eleitoral.
"O que fomos submetidos naquele dia foi como algo saído de um campo de batalha medieval. Lutamos corpo a corpo e centímetro a centímetro para evitar uma invasão do Capitólio por uma multidão violenta com a intenção de subverter nosso processo democrático", acrescentou Gonell, um dos quatro policiais chamados para depor nesta terça. "A violência física que experimentamos foi horrível e devastadora."
O Comitê da Câmara foi formado depois de senadores republicanos bloquearem a criação de uma comissão independente para investigar o ataque. A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, indicou os membros do comitê.
Além de Gonell, estavam previstos os depoimentos de Harry Dunn, também agente da polícia do Capitólio, e Michael Fanone e Daniel Hodges, da polícia do Distrito de Columbia.
Quatro pessoas morreram no dia da violência, incluindo um dos invasores, morto a tiros pela polícia, e outros três por causas naturais. Um agente da polícia do Capitólio que havia sido atacado pelos manifestantes morreu no dia seguinte. Dois policiais que participaram da defesa do prédio posteriormente tiraram a própria vida. Mais de uma centena de policiais ficou ferida.
A maioria dos republicanos da Câmara se opôs fortemente à criação do comitê, dizendo que era motivado politicamente pelos democratas.
Pelosi rejeitou semana passada dois dos cinco republicanos escolhidos pelo líder da Minoria, Kevin McCarthy, para o painel, entre preocupações de que prejudicaria a integridade do comitê, o que levou McCarthy a retirar os três nomes republicanos remanescentes.
O presidente do comitê, Bennie Thompson, prometeu que o trabalho do painel será "guiado apenas pelos fatos" e que não há lugar para política ou partidarismo. Ele também mostrou um vídeo da violência no início dos trabalhos do painel.
"Algumas pessoas estão tentando negar o que aconteceu, para encobrir isso, para transformar os rebeldes em mártires. Mas o mundo inteiro viu a realidade do que aconteceu em 6 de janeiro", disse Thompson.