CARTUM (Reuters) - Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em Cartum, capital do Sudão, e outras cidades do país neste sábado para protestar contra o golpe militar, apesar das forças de segurança terem atirado gás lacrimogêneo e balas para dispersá-los, disseram testemunhas e médicos.
O Comitê Central de Médicos Sudaneses informou que o número total de manifestantes mortos chegou a cinco.
A manifestação aconteceu dois dias depois de o líder militar Abdel Fattah al-Burhan anunciar a formação de um novo conselho para governar o país, que excluiu a coalizão civil com a qual o Exército vinha dividindo o poder desde 2019.
Grupos pró-democracia do Sudão condenaram a decisão e prometeram continuar sua campanha de desobediência civil e protestos contra o golpe de 25 de outubro.
Forças de segurança fecharam pontes no sábado entre Cartum e suas duas cidades gêmeas, Omdurman e Cartum do Norte, para veículos e pedestres, usando arame farpado para bloquear o acesso. Ruas para locais estratégicos também foram fechadas.
À medida em que os manifestantes começaram a se reunir no começo da tarde ao redor da capital, forças de segurança se mexeram rapidamente para tentar dispersá-los, atirando gás lacrimogêneo e perseguindo manifestantes pelas ruas para tentar impedi-los de chegar aos pontos de reunião centrais, disseram testemunhas.
“As pessoas ficaram surpresas por eles terem atirado gás lacrimogêneo tão cedo”, disse um manifestante em Omdurman. Manifestantes “recuaram para dentro do bairro e fizeram barricadas nas ruas e agora estão voltando à avenida principal”.
(Reportagem da redação de Cartum, Khalid Abdelaziz e Nafisa Eltahir)