CANNES, França (Reuters) - O diretor Spike Lee denunciou nesta terça-feira o estado das relações raciais nos Estados Unidos três décadas depois de começar a chocar as plateias de Cannes com filmes sobre preconceito e violência, traçando paralelos com o assassinato de George Floyd em 2020.
Lee, a primeira pessoa negra a comandar o júri do Festival Internacional de Cinema de Cannes, disse ver pouca evolução desde que "Faça a Coisa Certa" estreou na Riviera Francesa em 1989 --o filme, que se passa no bairro nova-iorquino do Brooklyn e trata de relações raciais declinantes e brutalidade policial, ainda ecoa de maneira impressionante hoje em dia.
"Quando você vê o irmão Eric Garner, quando você vê o rei George Floyd, assassinado, linchado... pensaria, esperaria que trinta e tantos malditos anos mais tarde negros parariam de ser caçados como animais", disse Lee em uma coletiva de imprensa em Cannes, onde a maior vitrine mundial do cinema estava prestes a começar.
Em junho, um juiz condenou Derek Chauvin, ex-policial da cidade norte-americana de Mineápolis, a 22 anos e meio de prisão pelo assassinato de Floyd quando ela era detido em maio em 2020.
As últimas palavras de Floyd, "não consigo respirar", tornaram-se um grito de batalha do movimento Black Lives Matter.
Eric Garner foi morto por um policial branco com uma chave de braço quando era detido em 2014.
"Faça a Coisa Certa" revoltou alguns críticos quando foi lançado, e alguns deles alegaram que o filme estimularia tumultos.
(Por Sarah White e Michaela Cabera)