Por Sabine Siebold e Pawel Florkiewicz e Gabriela Baczynska
BRUXELAS/VARSÓVIA/MOSCOU (Reuters) - A União Europeia intensificará as sanções contra Belarus, que nesta segunda-feira classificou como "absurdas" as acusações ocidentais de que está provocando uma crise imigratória que deixou até 4.000 pessoas presas em florestas congeladas na sua fronteira com a Polônia.
Os ministros das Relações Exteriores da UE estão reunidos em Bruxelas para chegar a um acordo sobre novas medidas de pressão sobre Belarus, onde o veterano líder Alexander Lukashenko reprimiu os manifestantes que contestaram como fraudulenta uma votação presidencial na qual ele alegou vitória.
A UE, formada por 27 países, impôs sanções a Minsk por violação dos direitos humanos. Menos de um ano após as eleições de agosto de 2020, imigrantes do Iraque, Afeganistão, Congo e Camarões começaram a aparecer nas fronteiras terrestres de Belarus com a UE, tentando cruzar para os Estados membros Lituânia, Letônia e Polônia.
"O que vemos em Minsk, esse sistema desumano de usar refugiados como ferramentas para exercer pressão sobre a União Europeia não melhorou, mas piorou nos últimos dias", disse o ministro alemão da UE, Haiko Maas, ao chegar para conversar com seus pares.
“Vamos endurecer as sanções para os indivíduos que estão envolvidos neste tráfico humano e teremos que falar sobre o fato de que sanções econômicas severas são inevitáveis ... Teremos que enfrentar as companhias aéreas também”.
Os imigrantes do Oriente Médio e da África nunca haviam usado essa rota de imigração para o rico bloco europeu.
Os guardas de fronteira poloneses relataram 5.100 tentativas de travessia irregular de Belarus até agora em novembro, em comparação com 120 em todo o ano de 2020. Os números comparativos também aumentaram nos dois estados bálticos.
“Hoje vamos aprovar um novo pacote de sanções”, disse o principal diplomata da UE, Josep Borrell, acrescentando que elas terão como alvo as companhias aéreas e agências de viagens envolvidas nesta “iniciativa ilegal de imigrantes”.
O Ministério das Relações Exteriores de Belarus considerou "absurdas" as acusações de que Minsk arquitetou a crise de imigrantes em suas fronteiras com a União Europeia, de acordo com a agência de notícias estatal russa RIA.
Lukashenko disse que Belarus está tentando convencer os imigrantes a voltar para casa. "Mas ninguém quer voltar", afirmou ele, de acordo com a agência de notícias estatal bielorrussa Belta. Minsk vai retaliar quaisquer novas sanções da UE, segundo ele.
Maas pediu ao aliado mais poderoso de Lukashenko, o presidente russo Vladimir Putin, que pressione Minsk a parar de arriscar a vida das pessoas em um cabo de guerra com a UE.
Pelo menos oito pessoas morreram ao longo da fronteira terrestre de 200 quilômetros entre Polônia e Belarus, incluindo de frio e exaustão.