Por Sarah Marsh
HAVANA (Reuters) - A União Europeia está “muito preocupada com a repressão” a manifestantes em Cuba e pede que o governo liberte todos que tenham sido ditos arbitrariamente, afirmou o bloco nesta quinta-feira, em seu comunicado com linguagem mais dura até o momento sobre a situação.
Julgamentos sumários começaram para os detidos em protestos sem precedentes pelo país contra a escassez de bens, falta de energia e de liberdades ocorridos em 11 de julho, em meio a uma profunda crise econômica que foi exacerbada pela pandemia e por sanções dos Estados Unidos.
Grupos de direitos humanos relataram que cerca de 700 pessoas foram detidas, incluindo vários menores de 18 anos. O governo não divulgou números ainda, mas nega que qualquer pessoa tenha sido detida simplesmente por protestar, mas sob acusações de desordem, vandalismo, desacatado à autoridade e outras violações.
“Pedimos que o governo de Cuba respeite os direitos humanos e as liberdades consagradas pela Convenção de Direitos Humanos”, disse o principal diplomata da UE, Josep Borrell, em comunicado.
A declaração chega três dias depois de ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos e outros 20 país, incluindo alguns membros da UE, condenarem as prisões em massa.
“Pedimos (que o governo) liberte todos os manifestantes arbitrariamente presos, que ouça a voz dos seus cidadãos, e participe de diálogos inclusivos sobre suas reclamações”, afirmou Borrell.
A UE tem evitado confrontos públicos com Cuba sobre direitos humanos desde que assinou um novo acordo em 2016 para normalizar relações, que não buscam mais coagir a ilha do Caribe governada por comunistas a executar reformas democráticas. O acordo fez parte de uma aproximação mais ampla de Cuba com o Ocidente.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, afirmou no Twitter que “rejeita veementemente” o comunicado da UE, que ele criticou por não mencionar o “bloqueio genocida dos EUA”, ao qual o governo atribui grande parte da culpa pelas crises do país.