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BC encerra surpresas e mantém Selic em 6,5%

Publicado 20.06.2018, 17:37
Atualizado 20.06.2018, 18:01
© Reuters.  BC encerra surpresas e mantém Selic em 6,5%

© Reuters. BC encerra surpresas e mantém Selic em 6,5%

Investing.com - O Comitê de Política Monetária encerrou a sequência de surpresas e manteve a taxa Selic estável em 6,5% ao ano, em decisão unânime e amplamente aguardada pelo mercado financeiro.

Em seu comunicado publicado após a reunião de dois dias, os diretores reconheceram a piora no mercado internacional e a pressão cambial, mas optaram por manter a política de juros, pois a inflação no longo prazo segue abaixo da meta.

"O Comitê julga que, no curto prazo, a inflação deverá refletir os efeitos altistas significativos e temporários da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos. As medidas de inflação subjacente ainda seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária"

O documento reforça a posição já defendida por Ilan Goldfajn que não há relação direta entre o câmbio e a política de juros, na inflação futura.

"O Copom entende que deve pautar sua atuação com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica. Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva"

No último boletim Focus, os analistas consultados pelo BC revisaram para cima a projeção do IPCA fechado no final de dezembro para 3,88%, abaixo da meta de 4,5% de inflação para o ano. Para 2019, houve aumento marginal para 4,10%, ligeiramente inferior ao centro da meta de 4,25%.

A dinâmica é de revisão para cima, especialmente, após a disparada do dólar e a greve dos caminhoneiros deflagrada em maio. No último encontro do Copom, a projeção de inflação estava em 3,45% para este ano e 4,00% para o próximo.

A economia interna continuou a mostrar sinais de fraqueza, o que reduz a pressão inflacionária e indica um caminho mais longo de juros baixos. Os bancos e corretoras têm seguidamente revisado para baixo seus cenários de crescimento após números fracos da economia. No Focus publicado na segunda-feira passada, os analistas apostam em crescimento de 1,76% neste ano, contra 2,51% no último encontro do Copom.

O BC afirmou ser difícil ter uma leitura do estado da economia após a paralisação.

"A paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica. Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação"

As taxas de juros, contudo, seguem estimulando o crescimento.

"O Copom reitera que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa"

Cenário externo se deteriora

O cenário externo também se tornou menos favorável ao país. A liquidez internacional e o fluxo de capital para os países emergentes reduziram com a expectativa que o Federal Reserve acelere o ritmo de alta de juros.

O BC refletiu isso em seu comunicado.

"A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes"

Em sua última reunião, a mediana das projeções dos diretores do FOMC passou a prever quatro elevações de taxas de juros neste ano, contra três.

A Europa também informou que encerrará o programa de compra de ativos no final deste ano e que as taxas de juros deverão voltar a subir em meados do próximo ano.

Em um ambiente de aumento de juros nos principais mercados, os investidores optam por reduzir sua exposição aos ativos de maior risco como os países emergentes para capturar taxas atrativas em mercados de risco baixo.

No Brasil, o impacto da alta do dólar foi sentido mais fortemente no começo de junho e o BC teve que atuar firmemente para conter a volatilidade.

A disparada da divisa provocou uma corrente de rumores no mercado de uma possível alta extraordinária da Selic e até a saída de Ilan Goldfajn do comando do banco.

O presidente do BC convocou uma entrevista coletiva em 7 de junho para acalmar o mercado e anunciar a atuação mais firme com a oferta extra de US$ 20 bilhões em swaps na semana seguinte.

A moeda deixou a casa dos R$ 3,95 e voltou ao intervalo de R$ 3,70-R$ 3,80, no qual se mantém desde então.

Fim das surpresas

A reunião de hoje do Copom encerrou a sequência de dois movimentos surpreendentes feitos pelos diretores nos dois últimos encontros.

Em março, o Banco Central anunciou a redução da Selic para 6,5% ao ano como o mercado previa. No comunicado, porém, informou que realizaria mais um movimento de corte de 0,25 p.p. na reunião seguinte, movimento que não havia sido antecipado pelo mercado.

Essa posição de novo corte foi assimilada pelos investidores, que entenderam na fala de Ilan Goldfajn nas semanas seguintes que o BC manteria essa decisão mesmo com a sinalização de um exterior menos favorável e a elevação do dólar.

O encontro de maio, contudo, contrariou essa expectativa ao manter os juros em 6,5%. Analistas criticaram a comunicação do BC, que não havia sinalizado essa mudança de direção.

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Veja abaixo o comunicado completo do Copom

Copom mantém taxa Selic em 6,50% a.a.

​O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 6,50% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

A paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica. Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação. O cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual;

O cenário externo seguiu mais desafiador e apresentou volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes;

O Comitê julga que, no curto prazo, a inflação deverá refletir os efeitos altistas significativos e temporários da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos. As medidas de inflação subjacente ainda seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;

As expectativas de inflação para 2018 e 2019 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,9% e 4,1%, respectivamente. As expectativas para 2020 situam-se em torno de 4,0%; e

No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 4,2% para 2018 e de 3,7% para 2019. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2018 em 6,50% a.a. e 2019 em 8,0% a.a. e de taxa de câmbio que termina 2018 em R$/US$ 3,63 e 2019 em R$/US$ 3,60. No cenário com juros constantes a 6,50% a.a. e taxa de câmbio constante a R$/US$ 3,70*, as projeções situam-se em torno de 4,2% para 2018 e 4,1% para 2019.

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, a (i) possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação passada pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. Esse risco se intensifica no caso de (iii) continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes. Esse último risco se intensificou desde a reunião anterior do Copom, enquanto diminuiu o risco da inflação ficar significativamente abaixo da meta no horizonte relevante.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela manutenção da taxa básica de juros em 6,50% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, principalmente, de 2019.

O Copom reitera que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia.

O Copom entende que deve pautar sua atuação com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica. Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva (i.e., na propagação a preços da economia não diretamente afetados pelo choque). É por meio desses efeitos secundários que esses choques podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos. Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas. Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária.

Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Carlos Viana de Carvalho, Carolina de Assis Barros, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio R$/US$ observada nos cinco dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do Copom.

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