Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em território positivo nesta quarta-feira, recuperando um pouco do fôlego após perder o patamar de 62 mil pontos na véspera, mas com o movimento limitado pela persistente cautela com a cena política e à espera de novidades sobre o rumo das reformas no Congresso Nacional.
O Ibovespa fechou em alta de 0,56 por cento, a 62.017 pontos. O giro financeiro somou 5,82 bilhões de reais.
Investidores aguardavam ainda para esta quarta-feira a apreciação da proposta de reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na véspera, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a medida deverá ser votada na semana que vem pelo plenário do Senado.
"O mercado está em compasso de espera por essa reforma... Se for aprovada a bolsa deve ganhar algum fôlego e subir, mas e depois? A economia ainda está muito fraca, é difícil dizer que só isso vai ser suficiente para mudar o patamar (da bolsa)", disse o gerente de renda variável da corretora H.Commcor Ari Santos.
As discussões em torno da reforma Trabalhista acontecem em meio à crise que atinge o Planalto, tendo no mais recente capítulo a denúncia contra o presidente Michel Temer apresentada pela Procuradoria-Geral da República pelo crime de corrupção passiva. Nesta quarta-feira, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu enviar diretamente para a Câmara dos Deputados a denúncia contra Temer para que os parlamentares decidam se autorizam ou não o julgamento do recebimento da acusação criminal.
DESTAQUES
- VALE PNA (SA:VALE5) subiu 2,02 por cento e VALE ON (SA:VALE3) avançou 3,12 por cento, em mais uma sessão de fortes ganhos para os contratos futuros de minério de ferro na China.
- CSN ON (SA:CSNA3) teve alta de 3,77 por cento, GERDAU PN (SA:GGBR4) teve valorização de 3,01 por cento e USIMINAS PNA (SA:USIM5) ganhou 2,97 por cento, refletindo o bom desempenho para os contratos de minério de ferro e de aço na China.
- KROTON ON (SA:KROT3) subiu 5,67 por cento, entre os destaques positivos do Ibovepa, enquanto acontecia o julgamento pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do processo de fusão com a ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES ON (SA:ESTC3), que fechou em baixa de 0,68 por cento. No pior momento do dia, os papéis caíram 1,87 e 4,39 respectivamente, diante da expectativa de que o Cade rejeitasse o acordo. Mais cedo, uma fonte disse à Reuters que o Cade votará pela reprovação da operação, uma vez que os conselheiros não aceitariam o remédio negociado entre as empresas e a relatora Cristiane Alkmin.
No entanto, segundo operadores, o desempenho dos papéis melhorou durante a tarde, conforme a relatora lia seu parecer e o mercado começava a ver em seus comentários a possibilidade de aprovação da fusão, com condições diferentes das que vinham sendo levantadas anteriormente.
- CEMIG PN (SA:CMIG4) avançou 4,68 por cento, tendo como pano de fundo a informação de que a empresa recebeu oferta da chinesa State Power para comprar a participação da elétrica mineira na Madeira Energia, na usina hidrelétrica de Santo Antônio. Para a equipe do BTG Pactual (SA:BBTG11), o anúncio é positivo "em termos de confiança" por mostrar que o plano de desinvestimento da elétrica mineira está andando.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) subiu 0,84 por cento, ajudando o tom positivo do índice devido ao peso dos papéis em sua composição, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4), também de grande relevância no Ibovespa, fechou praticamente estável, com variação negativa de 0,03 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caiu 1,06 e PETROBRAS ON (SA:PETR3) perdeu 0,85 por cento cada, apesar da alta nos preços do petróleo no mercado internacional, com os papéis da petrolífera ainda sob pressão diante do cenário político conturbado.