Por Patricia Zengerle e Marine Pennetier
WASHINGTON (Reuters) - Um dia após ostentar sua amizade com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da França, Emmanuel Macron, desafiou com força nesta quarta-feira muitas das políticas de Trump, pedindo para os EUA se envolverem mais com o mundo, intensificarem a luta contra mudanças climáticas e permanecerem no acordo nuclear do Irã por ora.
Completando uma visita de três dias, Macron criticou repetidamente os princípios isolacionistas do presidente em um discurso em encontro conjunto do Congresso, uma honra dada a um pequeno número de líderes estrangeiros visitantes.
Macron disse que envolvimento dos EUA na comunidade global é vital e que a oposição de Trump ao acordo climático de Paris e a acordos comerciais internacionais são de visão curta.
O presidente francês até mesmo ironizou o famoso slogan de 2016 da campanha de Trump, pedindo para os EUA ajudarem a “tornar nosso planeta grande novamente”.
Macron desenvolveu uma forte relação com Trump, em um momento em que muitos líderes europeus estão mantendo distância. Durante a visita, eles apertaram as mãos repetidamente, trocaram beijos nas bochechas e bateram nas costas um do outro enquanto elogiavam a amizade.
Mas perante o Congresso, Macron sugeriu querer mais que somente situações agradáveis ao público em geral.
Sem mencionar Trump pelo nome, ele desafiou os impulsos protecionistas e nacionalistas do presidente republicano e disse que desafios modernos da economia e segurança devem ser uma responsabilidade global compartilhada que é “baseada em um novo tipo de multilateralismo”.
“Os Estados Unidos são um dos que inventaram este multilateralismo. Você agora é quem precisa ajudar a preservá-lo e reinventá-lo”, disse Macron.
ACORDO COM IRÃ
Ele afirmou que um acordo nuclear internacional com o Irã, que Trump criticou duramente, não é perfeito, mas deve permanecer em vigor até que um substituto seja feito.
“É verdadeiro dizer que este acordo pode não abordar todas as preocupações e preocupações muito importantes”, disse Macron. “Mas nós não devemos abandoná-lo sem ter algo mais substancial. Esta é minha posição”.
Trump tem frequentemente prometido retirar os EUA do acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis grandes potências. Ele irá decidir até 12 de maio se retoma sanções econômicas norte-americanas sobre Teerã, o que pode sinalizar um primeiro passo para encerrar o acordo.
Macron, de centro, também disse estar confiante de que os EUA irão eventualmente voltar ao acordo climático de Paris, que tem objetivo de combater o aquecimento global.
“Vamos trabalhar juntos para tornar nosso planeta grande novamente”, disse. “Nós estamos matando nosso planeta – vamos enfrentar isto, não há Planeta B”.
O discurso de Macron provocou frequentes aplausos, especialmente de parlamentares democratas quando ele criticou as posições de Trump. Após o discurso, o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que o pedido de Macron por engajamento global é oportuno.