BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reafirmou seu compromisso com o ajuste fiscal durante cerimônia de posse do cargo, após a qual anunciou sua equipe, com permanência de Jorge Rachid à frente da Secretaria da Receita Federal e Otávio Ladeira assumindo interinamente a Secretaria do Tesouro Nacional no lugar de Marcelo Saintive.
No time dos que já acompanhavam Barbosa no ministério do Planejamento, irão para a nova pasta Dyogo Henrique de Oliveira, como secretário-executivo da Fazenda, e Manoel Pires, como novo secretário de Política Econômica. No Planejamento, eles ocupavam os cargos de secretário-executivo e secretário de assuntos econômicos, respectivamente.
Além disso, Luis Antonio Balduino permanecerá no comando da Secretaria de Assuntos Internacionais, enquanto Paulo Guilherme Corrêa continuará chefiando a Secretaria de Acompanhamento Econômico. Fabrício Da Soller, por sua vez, será o novo procurador-geral da Fazenda Nacional.
Em discurso de posse, Barbosa repetiu pontos que vem destacando desde sexta-feira, quando foi nomeado ao cargo, assinalando ser preciso "aperfeiçoar nossa política econômica para recuperar a estabilidade fiscal e o controle da inflação".
Mais uma vez, o novo titular da Fazenda apontou que o maior desafio do governo é fiscal.
"Nosso maior desafio é construir as condições para estabilizar e depois reduzir o nosso grau de endividamento público, tanto em termos de dívida líquida quanto em termos de dívida bruta. Temos todas as condições de superar esse desafio."
Barbosa também reforçou que a reforma da Previdência é prioridade e que o governo planeja entregar uma proposta de mudança ao Congresso Nacional no primeiro semestre do próximo ano.
O ministro afirmou que irá trabalhar ao longo de 2016 para construir uma proposta de consenso a respeito da criação de um limite para o crescimento das despesas públicas. Também fez um apelo para aprovação pelo Legislativo da volta da CPMF e da proposta que prorroga a vigência da Desvinculação de Receitas da União (DRU).
Segundo Barbosa, o momento não permite a redução da receita tributária, mas é preciso "com certeza" melhorar o perfil e a eficiência da arrecadação.
O discurso deu sequência a uma romaria do ministro junto a veículos de imprensa e investidores para reduzir os temores do mercado de que seria um nome menos rigoroso com o ajuste fiscal e mais leniente com a expansão do gasto público.
O esforço, contudo, não convenceu os agentes econômicos. Mesmo após Barbosa conceder diversas entrevistas à mídia e participar de teleconferência com investidores, o dólar encerrou a sessão desta segunda-feira em alta de quase 2 por cento, acima de 4 reais pela primeira vez em mais de dois meses e meio.
Para investidores, a ausência de sinalizações mais contundentes de um rigor com as contas públicas afetou negativamente o câmbio.
De saída da Fazenda, o ex-ministro Joaquim Levy apontou que o Brasil avançou no reequilíbrio da economia nos últimos meses, mas reforçou a necessidade de enfrentamento de "questões mais profundas" que foram deixadas de lado durante o boom das commodities.
(Por Marcela Ayres)