BRASÍLIA (Reuters) - O pré-candidato do PSL à Presidência da República, deputado Jair Bolsonaro (RJ), disse nesta quarta-feira que, se eleito, vai partir para o "liberalismo" como saída para a melhora da economia brasileira e destacou que terá uma base parlamentar de 300 deputados, só não querendo contar com partidos que ele considera de "extrema-esquerda", como PT e PSOL.
"O caminho para o Brasil buscar uma saída na parte econômica é partir para o liberalismo", disse o deputado, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, do Paraná.
O presideniciável afirmou que é preciso avaliar o papel de empresas estratégicas, se devem ser privatizadas ou não. Ele disse, entretanto, já ter se reunido com a bancada ruralista e dito o país não pode "abrir mão" da segurança alimentar caso permita a venda de terras brasileiras para estrangeiros.
Líder nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro afirmou que vai defender uma agenda de desburocratização e desregulamentação da economia. Ele chegou até a defender, sem dar detalhes, uma "nova mexida" na CLT para estimular a geração de empregos.
Em seu sétimo mandato na Câmara, o pré-candidato do PSL afirmou que pretende ter uma "superbancada" independente. Segundo ele, já conta com o apoio de 60 deputados, mas disse que poderá garantir votos de cerca de 300 deputados na Câmara sem precisar de se valer da tradicional política do toma lá, da cá.
"A gente vai ter uns 300 aqui que não serão picaretas como disse o Lula no passado, muito pelo contrário", disse. "Acredito (que teremos todo esse apoio), você tem que ter uma bancada grande aqui até para aprovar emenda a constitucional."
Questionado sobre a barganha de recursos do Congresso com o Executivo, o pré-candidato disse que os deputados "sabem que não dá para agir desta forma, que o Brasil vai quebrar e quebrando todo mundo vai sofrer".
MILITARES
Capitão da reserva, Bolsonaro afirmou que, na composição do seu ministério, um terço das pastas ficará nas mãos dos militares. Ele disse que a possibilidade de corrupção de pessoas vinda das Forças Armadas é menor.
"O risco é menor, nao é risco zero", disse, ao justificar que esse é seu círculo de amizades. Ele ressalvou, no entanto, que as escolhas dos ministros será por serem competentes.
O deputado afirmou que o país não teve uma ditadura militar no período de 1964 e 1985, disse que foi um momento "muito bom" para a população e que os parlamentares, naquela época, tinham prestígio com os militares.
Na semana passada, em entrevista à Reuters, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos coordenadores da pré-campanha de Bolsonaro, disse que número de ministérios, em caso de vitória, seria cortado pela metade.
CASO MARIELLE
Bolsonaro disse que a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), que ocorreu há três meses, deverá ser mais um sem solução. Para ele, no momento, não há evidências da participação de policiais no assassinato.
"Não justifica a onda toda dizendo que foi um policial", disse, ao citar a morte dela é como a de um "cidadão qualquer" e que todo dia, no Brasil, morrem policiais.
O deputado disse que preferiu não se manifestar sobre o assassinato de Marielle quando ocorreu porque qualquer coisa que falasse na época poderia depor contra ele.
Na entrevista, Bolsonaro disse que preferia não comentar as declarações de Ciro Gomes feitas na semana passada. Na ocasião, o pré-candidato do PDT disse que era preciso extirpar o câncer, numa referência a impedir a vitória do presidenciável do PSL.
"Não vou baixar o nível", disse, ao falar que Ciro tem de continuar a jornada dele.
(Por Ricardo Brito)