Por David Alire Garcia e Enrique Andres Pretel
SAN JOSÉ (Reuters) - O candidato de centro-esquerda Carlos Alvarado Quesada derrotou de forma decisiva um cantor evangélico conservador no segundo turno da eleição presidencial da Costa Rica, no domingo, prometendo permitir o casamento gay, e com isso preservando a reputação de tolerância do país.
Ex-ministro e escritor de ficção, Quesada, de 38 anos, estava com 61 por cento dos votos segundo os resultados de 95 por cento das urnas apuradas, uma liderança muito maior do que a prevista por institutos de pesquisa, que anteciparam uma disputa acirrada.
"Meu compromisso é com um governo para todos, com igualdade e liberdade para um futuro mais próspero", disse ele a milhares de apoiadores, que comemoravam tocando cornetas e acenando com a bandeira costarriquenha vermelha, branca e azul. "Há muito mais nos unindo do que nos dividindo".
Seu rival, Alvarado Muñoz, ex-jornalista de televisão de 43 anos conhecido por suas canções religiosas dançantes, admitiu a derrota rapidamente, ajoelhando-se de braços erguidos diante de apoiadores, alguns deles em prantos.
"Não vencemos esta eleição", disse, acrescentando que parabenizou seu adversário por telefone e que prometeu ajudá-lo a resolver os problemas do país, outro sinal da cordialidade política da Costa Rica.
A votação expôs divisões na nação de vocação turística da América Centra, famosa por sua cultura praiana descontraída e por suas florestas tropicais intocadas, mas onde algumas comunidades rurais continuam socialmente conservadoras.
O resultado também pode afetar o clima em outras partes da América Latina, onde eleições serão realizadas neste ano em vários países que apoiaram as uniões de pessoas do mesmo sexo, provocando uma reação conservadora.
Alvarado Quesada, até recentemente ministro do governo em fim de mandato, será o presidente mais jovem da história moderna da Costa Rica quando tomar posse em maio.
Também conhecido por sua banda de rock progressivo dos tempos de estudante, ele usou sua campanha para apelar para o eleitorado de centro da nação. Sua vice, Epsy Campbell, será a primeira costarriquenha negra a assumir tal posto.
Alvarado Muñoz havia prometido restaurar o que chamou de valores tradicionais, proibindo o casamento gay e restringindo o acesso das mulheres ao aborto.