Por Sam Edwards
BARCELONA (Reuters) - Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas da Catalunha nesta terça-feira, e o tráfego das ruas, o transporte público e os negócios foram interrompidos em protesto contra a repressão violenta da polícia espanhola a um referendo de independência considerado ilegal.
Em Barcelona, estações de metrô fecharam, piquetes bloquearam dezenas de ruas e servidores públicos saíram do trabalho em resposta à convocação de uma greve geral feita por grupos pró-independência e centrais sindicais.
O clube de futebol Barcelona se uniu à greve, dizendo que fecharia pelo resto do dia e que nenhum de seus times treinaria. A montadora de veículos SEAT foi obrigada a interromper uma linha de produção.
O rei da Espanha, Felipe VI, disse nesta terça-feira que estava comprometido com a unidade da Espanha e acusou os líderes catalães de destruir os princípios democráticos e dividir a sociedade catalã.
Em um discurso televisivo para a nação, o rei disse que o "comportamento irresponsável" dos líderes catalães havia prejudicado a harmonia social na Catalunha. "Hoje, a sociedade catalã está fraturada e em conflito", afirmou ele.
Região mais rica da Espanha, a Catalunha tem língua e cultura próprias e um movimento político de separação que se fortaleceu nos últimos anos.
Partidos pró-independência que controlam o governo regional realizaram o referendo de domingo desafiando tribunais espanhóis que o declararam ilegal. Cerca de 900 pessoas ficaram feridas no dia do pleito quando a polícia disparou balas de borracha e arremeteu contra a multidão com cassetetes para impedir a votação.
A maior parte dos que participaram votou pela secessão – um resultado esperado, já que a maioria daqueles que são favoráveis à permanência da região na Espanha boicotou o voto.
Pesquisas de opinião realizadas antes da consulta indicaram que só uma minoria de cerca de 40 por cento dos habitantes da região apoia a independência. Mas a maioria quer a realização de um referendo, e os manifestantes disseram que a repressão policial violenta energizou o campo separatista.
"O que aconteceu em 1o de outubro atiçou um sentimento de independência que nunca morrerá", disse Monica Ventinc, estudante de 18 anos que compareceu a um protesto nesta terça-feira.
(Com reportagem adicional de Adrian Croft)