PEQUIM (Reuters) - A China acusou os Estados Unidos de arrogância nesta segunda-feira, depois que a delegação dos EUA rejeitou uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentada por Pequim, afirmando que o texto chinês glorifica a agenda do presidente Xi Jinping.
O voto dos EUA foi o único "não" na reunião do conselho em Genebra, e um diplomata norte-americano disse que autoridades chinesas deixaram clara sua intenção "de glorificar seu chefe de Estado inserindo seus pensamentos no léxico internacional de direitos humanos".
A China tomou a iniciativa de uma resolução --apenas sua segunda em quase 12 anos-- que pede uma "cooperação mutuamente benéfica".
Austrália, Reino Unido, Japão e Suíça foram alguns dos que se abstiveram, mas muitos enviados se pronunciaram contra o texto.
A discórdia aumenta as tensões entre Pequim e Washington, envolvidos em uma disputa comercial desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou planos de impor tarifas sobre até 60 bilhões de dólares de produtos da China.
"Acho que os comentários desta autoridade dos EUA em Genebra que vocês mencionam foram extremamente insensatos, e também refletem a ignorância e a arrogância persistentes do lado dos EUA", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, em um boletim diário à imprensa.
Na reunião do conselho, muitos países opinaram que a resolução chinesa refletiu os desejos comuns da comunidade internacional e ajudou as nações em desenvolvimento a terem mais voz própria nas questões de direitos humanos, acrescentou Hua.
Xi vem comandando uma repressão a todas as formas de discórdia na sociedade chinesa, em meio à qual centenas de advogados e ativistas de direitos humanos foram detidos e dezenas foram presos.
A China nega rotineiramente acusações de abusos de direitos humanos, dizendo que seus críticos são preconceitos, que o país vive sob o Estado de Direito e que só persegue aqueles que violam as leis.
(Por Ben Blanchard)