Por Christian Plumb
NOVA YORK (Reuters) - A condenação na semana passada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em processo do Tribunal Regional Federal da 4ª Região diminuiu tensões sobre uma vitória da esquerda na eleição presidencial brasileira deste ano, alterando os holofotes dos investidores na América Latina para a disputa mexicana.
O Brasil liderou os fortes ganhos do mercado acionário da América Latina nos últimos dois anos, após o presidente Michel Temer reformas leis pró-mercado. Mas a perspectiva de uma vitória de Lula na eleição de outubro --para a qual ele lidera as pesquisas de intenção de voto-- ameaçava o otimismo de investidores.
Embora Lula tenha prometido continuar sua campanha, a decisão judicial de quarta-feira do TRF-4 faz com que seja quase impossível que o ex-presidente concorra.
Já no México pesquisas de opinião indicam o candidato da esquerda Andrés Manuel López Obrador, conhecido como “AMLO”, consolidando sua liderança para a eleição de julho.
Uma pesquisa de opinião publicada na segunda-feira mostrou López Obrador com 32 por cento das intenções de voto, à frente do conservador Ricardo Anaya, com 26 por cento.
Investidores no México, segunda maior economia da América Latina, também precisam lidar com temores sobre uma possível saída dos Estados Unidos do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).
Will Pruett, gerente de portfólios na Fidelity Investments, disse esperar que o Brasil continue seu crescimento, à medida que a condenação de Lula aumentou a perspectiva de vitória de um candidato de centro que irá buscar políticas pró-mercado e uma virada em empresas estatais como a Petrobras (SA:PETR4).
Embora ações financeiras e de consumo no Brasil ofereçam valorizações atrativas, disse Pruett, ações baratas no México são difíceis de ser encontradas.
“Com possíveis choques com o Nafta e AMLO, eu não acho que seja alta no momento a recompensa para o risco”, acrescentou.
Mais de 80 por cento das exportações do México são direcionadas aos Estados Unidos, mas o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou deixar o Nafta caso não consiga termos mais favoráveis. A rodada mais recente de conversas no Canadá foi concluída nesta segunda-feira sem avanços.
Entre outros fatores inquietando investidores no México, López Obrador prometeu revisar contratos de petróleo assinados com investidores estrangeiros antes das reformas de 2013 e 2014, que desmantelaram um monopólio de décadas da petroleira estatal Pemex.
“Se ele seguir em frente e reabrir todos os contratos assinados com a Pemex ou envolvendo outras formas de infraestrutura, isso vai parar as coisas”, disse o analista de mercados emergentes da SBMC Nikko Roger Horn. “Você precisa de investimentos estrangeiros.”