TEGUCIGALPA (Reuters) - As autoridades eleitorais de Honduras parecem prestes a conceder um segundo mandato ao presidente atual nesta segunda-feira, mesmo depois de dezenas de milhares de pessoas irem às ruas nos maiores protestos realizados até o momento devido à suspeita de fraude na contagem dos votos da eleição disputada da semana passada.
O presidente Juan Orlando Hernández, que tem apoio dos Estados Unidos, pediu que seus apoiadores aguardem o final da apuração, enquanto manifestantes da oposição tomavam as ruas de todo o país para denunciar o que classificaram como uma ditadura.
Ao anoitecer de domingo, o som de cornetas, buzinas de carro, fogos de artifício e bater de panelas ecoou pela capital Tegucigalpa, desafiando um toque de recolher militar imposto para conter as manifestações que se disseminaram desde a semana anterior.
Em discurso em um evento de grande porte na capital no início do dia, o apresentador de televisão e candidato opositor Salvador Nasralla conclamou as Forças Armadas a se rebelarem contra ordens de impor o toque de recolher e incentivou seus apoiadores a cruzarem os braços em uma greve nacional a partir desta segunda-feira.
"Peço a todos os membros das Forças Armadas que se rebelem contra seus chefes", disse Nasralla a uma multidão entusiasmada que vaiava tropas nas proximidades. "Todos vocês aí, vocês não deveriam estar aí, deveriam ser parte do povo."
Nasralla acusa o governo de tentar roubar a eleição da semana passada. Imagens de TV mostraram protestos semelhantes em outras grandes cidades.
Embora não tenham surgido relatos de violência nas manifestações de domingo, centenas de pessoas foram presas e ao menos três morreram nos últimos dias.
O governo hondurenho adotou na sexta-feira o toque de recolher, que amplia os poderes do Exército e da polícia para deter pessoas e desmontar bloqueios de estradas, pontes e edifícios públicos.
No início da semana passada Nasralla pareceu ter obtido uma vitória surpreendente sobre Hernández, obtendo uma vantagem de cinco pontos com dois terços das urnas apuradas.
Depois de uma pausa de mais de um dia sem explicação, a contagem esporádica começou a pender a favor do atual ocupante do cargo.
O tribunal eleitoral, que é comandado por um membro do partido de Hernández, iniciou uma recontagem parcial, que deve continuar até as primeiras horas de terça-feira.
No início desta segunda-feira Hernández tinha quase 43 por cento dos votos e Nasralla aparecia com 41,4 por cento com mais de 97 por cento dos votos apurados, segundo o site do tribunal eleitoral.