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Descontentes com postura de líder, senadores do PMDB querem respaldo de Temer para tirar Renan do cargo

Publicado 10.04.2017, 19:19
© Reuters. Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL)

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Senadores do PMDB querem o respaldo do presidente Michel Temer para deflagrar um movimento para destituir Renan Calheiros (AL) da liderança do partido, segundo informações dadas à Reuters por dois parlamentares que têm tratado reservadamente desse assunto nos últimos dias.

Um grupo de senadores do partido está descontente com o fato de Renan estar usando o cargo de líder para, em vez de atender a demandas da bancada, fustigar o Palácio do Planalto com críticas que consideram pessoais à reforma da Previdência, por exemplo.

A insatisfação com o líder também aumentou entre os senadores do PMDB --a maior bancada da Casa, com 22 dos 81 senadores-- após ele ter retirado na quinta-feira passada a indicação dos seis integrantes do partido na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

A decisão de Renan ocorreu um dia após a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) --cotada para presidir a comissão-- tê-lo repreendido no plenário do Senado por criticar o governo Temer sem levar em conta o fato de ele ser o líder da bancada.

Pelo rodízio estabelecido entre Câmara e Senado, de alternância do comando do colegiado a cada ano, a Presidência da CMO caberia este ano ao PMDB do Senado. Uma reunião da comissão para eleger a Mesa que conduzirá os trabalhos está marcada para terça-feira e o PMDB corre o risco de ficar fora da disputa.

A bancada dos senadores peemedebistas deve se reunir antes da reunião da CMO para tentar chegar a um acordo.

"Está todo mundo aguardando um posicionamento do presidente (Temer) para atuar", disse um senador do PMDB envolvido nessas conversas. "Não há ainda um movimento para destituir o Renan porque o governo ainda não definiu se vai romper com ele."

Outro senador disse que a bancada está desconfortável porque Renan está "atirando" em Temer no momento em que o presidente mais precisa de apoio. E citou o fato das dificuldades que o governo enfrenta para avançar na reforma da Previdência, proposta que ainda está na Câmara.

Na semana passada, o Planalto se viu obrigado a ceder em cinco pontos para aumentar o apoio para a aprovação da reforma.

Renan e Temer nunca foram historicamente próximos dentro do PMDB. Durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o senador foi um dos últimos grandes nomes do partido a respaldar a assunção do correligionário ao comando do país.

Senadores do PMDB e auxiliares do presidente têm atribuído as críticas de Renan às dificuldades dele de se reeleger em 2018. Um dos principais alvos da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), e, se não conseguir se reeleger senador ano que vem, perderá o foro privilegiado.

Por ora, nenhum senador admitirá publicamente a articulação e tampouco terá disposição para, sem apoio do Planalto, buscar retirar Renan da liderança. Para que isso ocorra, é necessário o apoio de ao menos 12 dos 22 senadores do partido. Os dois senadores do PMDB, que falaram à Reuters sob a condição do anonimato, dizem que ele está isolado na bancada, mas ainda não há um movimento organizado para derrubá-lo do posto.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), demoveu ao menos um senador de abordar esse assunto em jantar promovido na semana passada por Temer. Nos últimos dias, Temer tem tido conversas com pequenos grupos de senadores do PMDB a fim de abrir um canal direto de negociações com ele sem intermediação do líder da bancada. Novas conversas estão previstas para ocorrer esta semana.

© Reuters. Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL)

À Reuters na sexta-feira passada, Renan negou que esteja usando o cargo de líder para defender uma posição pessoal em relação ao governo. Também rejeitou insinuações de governistas e correligionários de que ele subiu o tom das críticas a Temer por estar com receio de não se reeleger no próximo ano e que estaria disposto a descolar do governo.

"Não dá para antecipar a disputa eleitoral", minimizou. "As minhas divergências são em relação ao encaminhamento da calibragem das políticas públicas do governo."

A Reuters não conseguiu contato com Renan nesta segunda-feira para comentar sua posição a respeito do movimento dentro da bancada para destituí-lo da liderança.

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