Por Maria Carolina Marcello e Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vê dificuldades para a aprovação da reforma da Previdência mas avalia que ainda há espaço para tentar votá-la neste ano.
Maia argumenta, no entanto, que se a votação ficar para 2018 será difícil retomar o processo e alertou que o governo trabalha com uma noção de tempo diferente da percepção do Congresso.
"Se passar para o ano que vem vai ser difícil", disse Maia em entrevista à Reuters na residência oficial do presidente da Câmara. "Vamos esperar, não vamos desistir, vamos trabalhar para ver o que a gente consegue votar. Acho que ainda tem espaço para votar. É muito difícil, mas temos", acrescentou.
"O problema é que o tempo que o governo está achando que tem é diferente do tempo que o Parlamento acha que tem", ponderou.
Maia disse que antes de fazer a contagem de votos a favor da reforma da Previdência, o governo precisa garantir que sua base esteja unida.
Segundo ele, não é possível fazer uma leitura fiel dos ânimos da base em uma semana sem votações na Câmara, mas o governo pode ajudar a melhorar o ambiente se definir logo que alterações fará na sua composição ministerial.
"Vamos ter uma visão mais clara na terça-feira ou na quarta", disse, acrescentando ter a impressão que ainda não há votos suficientes aprovar a reforma. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição, são necessários os votos de 308 dos 513 deputados.
"Dá para votar no início de dezembro? Eu espero que sim, mas não tenho clareza ainda se vai ou não."
Maia afirmou que alguns partidos da base consideram que as mudanças ministeriais não devem ficar restritas ao Ministério das Cidades, vago desde a segunda-feira.
"Os partidos estão vocalizando as suas insatisfações. O presidente, com a experiência que tem, ele sabe como lidar com isso. O que eu acho é que tem que decidir. Pode decidir 'olha, não vou mudar e ponto', ele é o presidente da República... Talvez o impacto seja menor do que a gente está esperando. Só que tem que decidir. A não decisão é que gera mais problema."