BRASÍLIA (Reuters) - Indicado como titular do futuro Ministério da Cidadania, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) defendeu nesta quinta-feira o apoio de seu partido ao governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Terra, que foi ministro do Desenvolvimento Social no governo do presidente Michel Temer, foi questionado em entrevista à Rádio Gaúcha se sua presença no primeiro escalão do governo Bolsonaro significava o embarque do MDB.
"Não necessariamente, embora a minha opinião pessoal, não é a do partido, é de que o partido deve fazer parte da base, até porque no segundo turno a grande maioria do PMDB, aqui no Rio Grande do Sul e no Brasil todo, apoiou o Bolsonaro", afirmou.
Terra disse que as escolhas do ex-juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça e Segurança Pública e de Paulo Guedes para a Economia mostram o desejo do novo presidente de fazer uma política de renovação.
"O PMDB não tem como ficar fora disso, ou não participar disso, ou não ajudar com que isso aconteça. Eu acho que vai ter uma participação na base do governo sim", afirmou.
Até agora, no entanto, os caciques do partido não foram chamados para conversar com Bolsonaro, conforme relatou à Reuters uma fonte partidária. Terra, assim como outros nomes já anunciados, foi indicado --segundo ele mesmo-- por frentes parlamentares, e não pelo partido.
A indicação confirmou a intenção do novo governo de conversar com o Congresso através das frentes, diretamente com as bancadas ou pelos Estados, como já anunciou o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em uma manobra que tem desagradado dirigentes partidários.
Nesta quinta-feira, outro nome ligado ao MDB gaúcho foi confirmado à Reuters como futuro integrante do governo Bolsonaro. João Gabbardo, ex-secretário de Saúde do governo de José Ivo Sartori (MDB), será o secretário-executivo do Ministério da Saúde.
PENTE-FINO
Em outro trecho da entrevista, Terra --que comandará agora a pasta que reunirá Desenvolvimento Social, Cultura e Esporte-- afirmou que fará um "pente-fino" nos recursos distribuídos pela Lei Rouanet.
"Tem que fazer um pente-fino na Lei Rouanet para ver como é que foi gasto esse dinheiro esses anos todos", defendeu.
Terra afirma que existe uma tendência de empresas darem recursos a artistas de mais prestígio e que nem precisariam ser beneficiados porque "só seus nomes já dariam grandes bilheterias", enquanto artistas iniciantes e de arte popular não tinham acesso.
"É isso que nós temos que ver. Vamos fazer uma auditoria, sem fulanizar nada vamos fazer uma auditoria e vamos ver de que forma até estabelecer de repente uma cota para que um artista não tenha milhões à sua disposição e o outro não tenha nada", afirmou.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)