Dublin, 26 out (EFE).- Os centros de votação na Irlanda abriram nesta sexta-feira, às 7h (horário local, 3h de Brasília), para que o eleitorado participe das eleições presidenciais, um cargo principalmente representativo, e em um referendo sobre o fim do crime de blasfêmia.
Aproximadamente 3 milhões de pessoas poderão votar até às 22h (horário local, 18h de Brasília), cujos resultados podem ser divulgados amanhã, quando começará a apuração oficial.
As pesquisas apontam que o atual presidente, o veterano líder trabalhista Michael Higgins, de 77 anos, de ser reeleito para mais sete anos, enquanto a maioria do eleitorado apoiaria a eliminação de um artigo da Constituição que torna a blasfêmia ilegal.
As últimas pesquisas confirmaram que Higgins tem o apoio de 70% dos eleitores, muito à frente do empresário Sean Gallagher (12%), a quem ele já derrotou nas eleições de 2011.
A eurodeputada Liadh Ní Riada (9%), do partido nacionalista Sinn Fein, único partido que apresentou uma candidatura para testar a enorme popularidade do atual chefe do Estado irlandês.
Sobre o referendo, que vence com a maioria simples, 51% do eleitorado votaria em favor de eliminar o crime de blasfêmia, contra 19% que rejeita e 25% que segue indeciso, apesar de que todos os partidos políticos, grupos sociais de vários tipos e a Igreja Protestante pediram o "sim".
A Igreja Católica irlandesa também é partidária desta mudança, pois sustenta que a blasfêmia é um conceito "totalmente obsoleto" e que as leis têm sido usadas "para justificar a violência e opressão contra minorias em outras partes do mundo".
A Lei de Difamação foi reformada em 2009 pelo Governo de coalizão do centrista Fianna Fail e o Partido Trabalhista, e proíbe a blasfêmia, pois assim o estabelece uma cláusula da Constituição nacional, se bem que desde 1855 ninguém é processado por este crime.
A legislação prevê multas de até 25 mil euros para aqueles que "publiquem ou oferecem material que seja seriamente abusivo ou insultuoso em relação a assuntos sagrados para qualquer religião, causando intencionalmente indignação a um número substancial de seguidores dessa religião".
O governo dirigido pelos democratas-cristãos considera agora que seu fim seria um "passo importante" no caminho percorrido por este país para melhorar sua "reputação internacional", enquanto que "seria um exemplo" para países onde blasfêmia é sentenciada com a "pena de morte".