Por Eduardo Simões
(Reuters) - A procuradora-chefe do Ministério Público Federal no Paraná, Paula Conti Thá, disse nesta sexta-feira que estão sendo gestadas medidas no Congresso Nacional para intimidar investigadores e anunciou a devolução de 204,2 milhões de reais à Petrobras (SA:PETR4) no âmbito da operação Lava Jato.
A procuradora disse que a devolução, a maior já determinada pela Justiça penal no Brasil, é resultado de acordos de colaboração --18 de delação premiada e três de leniência-- fechados pela Lava Jato. De acordo com o Ministério Público, o montante já devolvido à Petrobras já chega à casa dos 500 milhões de reais.
Assim como já fizeram vários dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato, a procuradora criticou as propostas de mudanças nas 10 medidas contra a corrupção, enviadas ao Congresso como projeto de iniciativa popular, mas que tem o apoio principalmente do Ministério Público.
Coordenador da força-tarefa, o procurador da República Deltan Dallagnol, também manifestou preocupação com a tramitação das propostas no Legislativo e pediu mobilização da sociedade para a próxima terça-feira, quando as medidas devem ser votadas em comissão da Câmara dos Deputados.
"Nada foi feito até agora para que o futuro não repita o passado. Por isso é importante que todos nós, brasileiros, 'acionistas e funcionários' do Brasil, olhemos com uma lupa sobre o que vai acontecer na próxima terça-feira no Congresso, quando serão votadas as 10 medidas contra a corrupção na comissão especial", disse Dallagnol.
Essa foi a terceira devolução de recursos desviados da Petrobras à estatal feita pela Lava Jato. Anteriormente, os investigadores já haviam conseguido a devolução de recursos em acordos com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e com o ex-gerente de Serviços da empresa Pedro Barusco.
"As colaborações são o coração pulsante da Lava Jato. Quando pessoas que conhecem as engrenagens do esquema de corrupção colaboram com os investigadores, abre-se um enorme leque de informações e de potenciais provas. As colaborações levaram a grande parte das sucessivas fases da operação, das quebras de sigilos fiscal, bancário e telefônico e dos pedidos de cooperação internacional", disse Dallagnol.
"O dinheiro que é devolvido hoje para a Petrobras é fruto do emprego de técnicas inovadoras e eficientes de investigação em um trabalho coordenado entre os órgãos públicos."