(Reuters) - O ex-ministro José Dirceu foi denunciado nesta terça-feira pela força-tarefa da operação Lava Jato no Ministério Público Federal, pela terceira vez, por recebimento de propina de mais de 2,4 milhões de reais, que foram utilizados em parte para a assessoria de comunicação do petista durante o julgamento do mensalão, informou o MPF em comunicado.
De acordo com os procuradores, a acusação trata de crimes de lavagem de dinheiro praticados entre abril de 2011 e outubro de 2014 para permitir o recebimento por Dirceu de vantagens indevidas das empreiteiras Engevix e UTC Engenharia, em detrimento da Petrobras (SA:PETR4).
A denúncia apresentada à Justiça Federal aponta que os recursos desviados da estatal encobriram pagamentos por serviços de assessoria de comunicação no interesse do ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula durante o julgamento da ação penal 470, conhecida como mensalão.
“É chocante que o ex-ministro-chefe da Casa Civil tenha usado dinheiro da corrupção na Petrobras para contornar os efeitos negativos da descoberta de seus crimes. É o crime sendo usado para reduzir os prejuízos do crime descoberto”, disse o procurador da República Júlio Noronha em comunicado.
Dirceu, que foi preso pela Lava Jato em agosto de 2015 quando ainda cumpria prisão domiciliar pela condenação decorrente do mensalão, já foi condenado duas vezes na Lava Jato, com penas somadas que superam 30 anos de prisão.
Em maio de 2016 o ex-ministro foi condenado a 23 anos pelo juiz federal Sérgio Moro pelo recebimento de 15 milhões de reais de propina em contratos envolvendo a Petrobras, e em março de 2017 ele foi condenado a 11 anos de reclusão também por recebimento de vantagens ilegais relacionados à estatal.
O ex-ministro tem um pedido de habeas corpus pendente de julgamento na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode ser avaliado pela corte nesta terça-feira.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)