(Reuters) - A Polícia Federal e o Ministério Público Federal, em parceria com autoridades de Portugal, cumpriram nesta terça-feira cinco mandados de busca e apreensão em endereços de Lisboa ligados a um operador financeiro suspeito de viabilizar o pagamento de propina de ao menos 11,5 milhões de dólares no exterior em decorrência de contrato firmado pela Petrobras (SA:PETR4) com a Odebrecht, informaram a PF e o MPF.
Os mandados foram cumpridos contra o operador financeiro Mário Ildeu de Miranda, que já havia sido alvo de uma etapa anterior da Lava Jato deflagrada em maio na qual havia mandados de prisão e de busca e apreensão no Brasil ligados a ele.
De acordo com as investigações, Miranda teve participação decisiva para que recursos na ordem de pelo menos 11,5 milhões de dólares chegassem a contas secretas mantidas no exterior por funcionários da Petrobras.
O valor representa parte de uma propina total superior a 56,5 milhões de dólares relacionada a um contrato de mais de 825 milhões de dólares firmado em 2010 pela Petrobras com a Odebrecht, segundo as autoridades.
Apesar do mandando de prisão expedido contra Miranda em maio, a PF não conseguiu prendê-lo à época porque o suspeito havia deixado o país com destino a Portugal. Posteriormente, o operador se apresentou às autoridades brasileiras, mas a PF e o MPF solicitaram à Justiça a realização de buscas em Portugal para procurar malas e dispositivos pessoais que ele teria levado ao exterior.
"As buscas nos endereços de Mario Ildeu de Miranda, realizadas nesta data em Lisboa, têm por objetivo apreender os documentos e dispositivos eletrônicos que possam estar escondidos naquele país, além de identificar provas de outros crimes, ainda não denunciados, para a continuidade das investigações", disse o MPF em comunicado.
Miranda pagou fiança de 10 milhões de reais e responde ao processo em liberdade. Não foi possível localizar de imediato representantes do investigado.
As medidas cumpridas em Portugal nesta quinta-feira correspondem à segunda fase internacional da Lava Jato. A primeira fase realizada no exterior, também em Lisboa, ocorreu em 21 de março de 2016, e teve como alvo outro operador financeiro do esquema de corrupção.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)