(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta terça-feira que tenha ocorrido compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, conforme acusação feita pelo Ministério Público Federal.
“Eu não sei qual o critério do cidadão que diz que foi trapaça (a escolha do Rio de Janeiro). Esse cidadão não deve saber nada. O ambiente no COI era de muita seriedade”, afirmou o ex-presidente, que falou por meio de videoconferência da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde está preso.
Essa é a primeira fala pública de Lula desde que começou a cumprir pena no dia 7 de abril após condenação no processo do tríplex do Guarujá, no litoral paulista. Ele depôs como testemunha de defesa do ex-governador fluminense Sérgio Cabral (MDB) na ação que apura suposto pagamento de propina para a escolha do Rio como sede olímpica.
Cabral, que está preso na Lava Jato, o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) Carlos Arthur Nuzman e o ex-diretor da entidade Leonardo Gryner foram acusados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal de pagarem propina de 2 milhões de dólares ao senegalês Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), a apenas três dias da votação de 2009 em Copenhague que definiu o Rio como sede dos primeiros Jogos Olímpicos na América do Sul.
No depoimento, o ex-presidente rechaçou a acusação e afirmou ser natural o apoio de delegados africanos à candidatura brasileira.
Lula chegou a afirmar que o país passa por um momento de "denuncismo" e que está cansado de mentiras.
Em tom descontraído, o juiz federal Marcelo Bretas, responsável por julgar o caso referente à operação Unfair Play, chegou a comentar ao final do depoimento que já foi a comício do petista no Rio, vestindo boné e camiseta do então candidato a presidente em 1989. Em réplica bem humorada, o ex-presidente disse que iria chamá-lo para um futuro comício dele.
Mesmo preso, o petista, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência na eleição de outubro, insiste na candidatura ao Palácio do Planalto. Ele, no entanto, deve ficar impedido de disputar por causa da Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados por órgãos colegiados da Justiça.
(Por Ricardo Brito, em Brasília)