Por Michel Rose
ATENAS (Reuters) - A Europa arrisca ser subjugada pela China e os Estados Unidos a não ser que se torne mais soberana e democrática, disse nesta quinta-feira o presidente da França, Emmanuel Macron, em um discurso destacando a dimensão de sua ambição de reformar a União Europeia.
Em um discurso realizado simbolicamente na colina de Atenas onde gregos antigos deram luz à democracia alguns milhares de anos atrás, Macron, um fervoroso defensor da Europa, disse que sem uma reforma radical de sua governança o continente vai enfrentar seu desaparecimento.
“A fim de não ser comandando por potências maiores como os chineses e americanos, eu acredito em uma soberania europeia que nos permita nos defender e existir”, disse Macron no topo da colina de Pnyx, com o espetacular plano de fundo do Parthenon no pôr do sol.
“Vocês tem medo desta ambição europeia?”.
Eleito há quatro meses, o líder de 39 anos quer um salto gigante na cooperação europeia, que na questão econômica veria a criação de um orçamento da zona do euro, de um ministro das Finanças e um parlamento.
Macron disse que mais instituições democráticas vão ajudar a responder à onda populista que levou ao crescimento de líderes da extrema-direita, como Marine Le Pen, a quem derrotou em maio, e ajudou a impulsionar a bem-sucedida campanha do Brexit, que levou o Reino Unido a votar para deixar a União Europeia.
Ele disse que vai divulgar um mapa para o futuro da União Europeia nas próximas semanas, após a eleição alemã de 24 de setembro, e quer que líderes europeus concordem antes do final do ano em realizar debates públicos na primeira metade de 2018, durante os quais cidadãos poderão discutir suas visões para o bloco.
“Eu não quero um novo tratado europeu discutido a portas fechadas, nos corredores de Bruxelas, Berlim ou Paris”, disse Macron.
Estes debates – chamados de “convenções democráticas”, que Macron propôs durante sua campanha presidencial francesa – vão ajudar a formar as bases da Europa para os próximos 10 a 15 anos.
Macron também disse apoiar a ideia de dar os 78 assentos do Reino Unido no Parlamento Europeu para representantes pan-União Europeia eleitos por todos os cidadãos da UE após o Brexit.