Por Deisy Buitrago
CARACAS (Reuters) - O presidente Nicolas Maduro previu que um novo esforço liderado pelo exterior para mediar a crise política da Venezuela produza um acordo em breve, mas a oposição disse neste sábado que não aceitaria outro "show" que desperdice tempo.
Após meses de protestos anti-Maduro, que levaram a pelo menos 125 mortes, ambos os lados enviaram delegações para se encontrarem com o presidente da República Dominicana esta semana para o possível início de uma solução negociada.
"Depois de semanas de conversas, estamos perto de um acordo, de coexistência política, de paz e soberania", disse Maduro em um discurso na sexta-feira. "Estamos muito perto".
Mas a oposição, que acusa Maduro de criar uma ditadura e arruinar a economia, insistiu que as conversas em Santo Domingo eram apenas "exploratórias" e não iriam adiante sem garantias firmes de mudanças democráticas.
Eles querem uma data para a próxima eleição presidencial, prevista para o fim de 2018, com garantias de que será livre e justa, além de liberdade para centenas de ativistas presos, um corredor de ajuda humanitária estrangeira e respeito pelo congresso liderado pela oposição.
"Ele não pode fazer como no ano passado, quando prometeu o céu e a terra, mas nada aconteceu", disse Julio Borges, líder do congresso, que foi substituído por um superintendente legislativo pró-Maduro numa assembleia constituinte.
Maduro diz que a constituinte trouxe paz para o país de 30 milhões de habitantes. Mas muitas potências estrangeiras não reconhecem o órgão que surgiu de uma eleição controversa que a oposição boicotou.
Após mais de quatro meses de protestos, muitos violentos, que também levaram a milhares de feridos e prisões, Maduro diz que uma tentativa de golpe apoiada pelos EUA foi derrotada. Mas viu a opinião internacional se endurecer contra ele.
O líder dominicano Danilo Medina disse que México, Chile, Bolívia e Nicarágua participariam de uma nova rodada de conversas em 27 de setembro, com dois outros países a serem definidos. A coalizão da Unidade Democrática disse no sábado que um deles era o Paraguai.
O governo está ansioso para mostrar ao mundo que está mantendo um diálogo, mas líderes da oposição enfrentam ceticismo de seus apoiadores, muitos dos quais vêem a negociação como traição de manifestantes mortos e a legitimação de um autocrata.